Numa eleição que só começa depois da Copa e as intenções de voto a ganhar consistência somente em setembro, só há duas novidades relevantes— uma mais e outra menos —a deduzir do resultado da pesquisa DataFolha que foi às ruas quinta e sexta-feira para detectar o impacto da prisão de Lula sobre as intenções de voto para outubro.
Uma.
A principal é que o ex-ministro do STF que foi estrela do Mensalão, Joaquim Barbosa, aparece em terceiro lugar e cerca de 10% das intenções de voto em todas as simulações e assombra, pelo menos estatisticamente, como o nome que a centro-direita vinha procurando.
No quadro hipotético encabeçado por Lula com 31% das intenções, ele empata tecnicamente com Marina Silva, atrás de Jair Bolsonaro, com 17%. Noutro, considerando Fernando Haddad como seu indicado, Barbosa empata com Ciro Gomes (9%) atrás de Marina (15%). Haddad aparece neste momento com apenas 2%.
Ocupa o espaço que vinha sendo tentado pelos candidatos da centro-direita, Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Henrique Meirelles, Fernando Collor de Mello e Rodrigo Maia, com 7%, 5%, 2%, 1% e 1%, respectivamente.
À distância de setembro, não quer dizer muita coisa.
Ele pode ter tanto pés de barro quando o têm Marina e Ciro, os principais beneficiados com a saída de Lula. Ela é odiada pelo PT e por ser PT. Ele, rejeitado pelo pavio de adolescente.
Enfrentaria também a capilaridade decisiva e o tempo de comunicação na TV, que fazem a diferença para os candidatos do PMDB, do PSDB e do PT, e a si mesmo.
Inexperiente e mercurial, evoca a ideia de uma Dilma Rousseff sem nenhum traquejo para operar Brasília e suas consequências, traumaticamente conhecidas.
A não ser um improvável tsumani eleitoral que possa devastar uma classe política no seu mais baixo nível de aceitação, tende a diminuir de tamanho na campanha.
Mas é mais do que se esperava e uma injeção de fôlego para um PSB que vem crescendo e pode ajudar a turbinar seus candidatos aos governos estaduais, como Márcio Lacerda em Minas e Márcio França em São Paulo. Eduardo Paes no Rio?
Duas.
A segunda constatação, menos relevante por previsível, é que a prisão não afeta significativamente o espólio eleitoral de lula.
O eleitorado continua onde sempre esteve: um terço dele, um terço da centro-direita e um terço da faixa de quem espera ver em que barco pula. De viés conservador, mais para direita que para esquerda.
Lula, que vinha subindo de forma consistente até janeiro, quando conseguiu 37% no mesmo instituto, voltou para 31% e seu patamar histórico. Um tipo de senso de realismo do novo eleitor que vinha apostando nele antes da prisão.
Sua herança se manteria ainda que distribuída entre seu indicado no PT, Fernando Haddad, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), principais beneficiados por sua ausência, além de Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, dos pequenos PCdoB e Psol.
Os 33% da centro direita é mais ou menos a soma das indicações de Jair Bolsonaro (17%), Geraldo Alckmin (5%), Álvaro Dias (3%) e a turma do 1%: Henrique Meirelles, Rodrigo Maia, Guilherme Afif Domingos, João Amoedo, Paulo Rabello de Castro e Flávio Rocha.
Quem se sobressair nessa turma, leva os dois terços. E não deve ser Joaquim Barbosa.
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