Corajosa e perigosa a guerra aberta pelo novo devoto Fernando Haddad contra a Igreja Universal.
É a primeira vez que um candidato a cargo do porte da presidência abre fogo contra uma seita hoje poderosa, com seus mais de 7 milhões de fiéis de fiéis e sua influência sobre a população protestante nacional, de quase um terço da população total.
Sem medo de ofender a fé de seus fiéis, um pecado mortal na vida privada e sobretudo pública.
– Bolsonaro é o casamento do neoliberalismo desalmado, representado pelo Paulo Guedes, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo – disse na saída da basílica de Aparecida, para acrescentar: – É fome de dinheiro. Só pensam em dinheiro.
O ataque crava e sugere ingratidão com um parceiro fiel que já ajudou muito Lula e o PT em eleições passadas. Que respondeu mais do que à altura, como diz a nota da Universal:
– Com sua fala criminosa, o ex-prefeito de São Paulo desrespeita não apenas os mais de 7 milhões de adeptos da Universal apenas no Brasil, mas todos os brasileiros católicos e evangélicos que não querem a volta ao poder de um partido político que tem como projeto a destruição dos valores cristãos. Quando o Bispo Edir Macedo apoiou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula, o apoio era muito bem-vindo. Agora, quando o líder espiritual da Universal declara que seu candidato é Jair Bolsonaro, o Bispo Macedo deve ser ofendido de forma leviana?
E pode ter sido um preço muito alto pago por um apoio da Igreja Católica, que não será do mesmo tamanho.
A Igreja Católica simpática ao PT é uma ala minoritária de esquerda, herdeira da Teologia da Libertação, muito mal vista pela maioria conservadora do clero.
Embora também a denúncia do charlatanismo de Macedo soe muito bem aos ouvidos de alguns bispos, que torcem o nariz para o pastor desde que ele começou a lhes tomar seguidores em massa, tudo o que a Igreja não quer é ser exposta numa guerra religiosa.
Haddad pode ter metido o pé pelas mãos na sua primeira incursão pela sacristia.
Podia ter parado na comunhão, no carinho público na santa e nas demonstrações de humildade e conversão. Mas, como é do seu DNA e do seu partido, não conseguiu evitar o discurso e misturar ideologia de religião.
Embora se pareçam na devoção de seus fiéis e na lavagem cerebral que costumam impor, não convém que sejam misturadas em certos ambientes.
O primeiro programa eleitoral
O primeiro programa de Bolsonaro no horário eleitoral na TV, neste segundo turno:
- Um bom resumo do seu discurso contra o PT e suas relações com ditaduras, além de depoimentos de populares condenando o comando de campanha petista partir da prisão.
- Uma pitada familiar para humanizá-lo e reduzir sua resistência em parte do público feminino, incluindo algumas lágrimas quando fala da reversão da vasectomia que lhe deu a filha.
- Carreira parlamentar e campanha, com muita cena de multidão.
O de Haddad:
- Um texto pesado atribuindo a agressividade da campanha a Bolsonaro e sua militância.
- Ênfase na educação para traçar perfil e pretensões do candidato.
- O clipe musical de imagens tentando puxar emoção que é marca do partido em todas as campanhas. Menos vermelho, menos de Lula. Um pouco de Deus, para não ficar muito atrás de Bolsonaro nesse quesito.
Muito certinho, com apresentadora bonitinha, no velho modo de TV profissional que não ajudou Alckmin com seus 50% do horário eleitoral. Meio na contramão das redes sociais.
Tacada de marketing
Bolsonaro matou dois coelhos com a proposta do décimo-terceiro do Bolsa Família. Abater num tiro as fake news de que iria suprimi-la e avançar pelo nordeste.
Candidato a presidente de maior penetração na região depois do lulismo, ele já ganhou os grandes centros urbanos da região com o discurso de segurança e quer avançar para o interior montado nesse tipo de promessa.
É uma linguagem mais, digamos, compreensível para uma população acostumada a esse tipo de argumento pelos coronéis velhos e novos da política nacional.
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