Roberto Marinho da primeria metade do século XX, Assis Chateaubriand era um maluco visionário que achava governos e empresas.
Criador da televisão brasileira, o paraibano Assis Chateaubriand foi o Roberto Marinho da primeira metade do século XX.
Chegou a ser proprietário sozinho de uma rede de mais 100 veículos de comunicação, os mais influentes do país, entre jornais, rádios, TVs, revistas e uma agência de notícias.
Sem a sutileza de Marinho para conquistar e manter poder, era um achacador de empresas e governos, aos quais ameaçava de denúncia em troca de patrocínios.
Fazia campanhas nobres à base de achaque e maluquices.
Como a que criou a rede de aeroclubes em vários estados e a que implantou o Museu de Arte Moderna de São Paulo, todo montado com obras de arte compradas e nunca pagas numa galeria dos EUA.
Obrigou Juscelino Kubitscheck a nomeá-lo embaixador em Londres, onde condecorou o venerável Winston Churchill com a Ordem do Jagunço, enfiando-lhe um chapéu de couro.
Como tinha incontinência urinária, assistiu à solenidade de coroação da rainha Elizabeth, em 1952, fazendo xixi numa garrafa de coca-cola costurada dentro do sobretudo.
Apaixonado pela questão indígena, costumava posar pelado entre os índios e mandar as fotos para um de seus carros-chefe, a revista O Cruzeiro.
A instalação da primeira emissora de TV, a Tupi de São Paulo, tem a cara do seu jeito amalucado de fazer as coisas.
Quando tudo pronto, instalação concluída, hora de inaugurar, faltava para quem transmitir. Mandou comprar às pressas algumas dezenas de aparelhos de TV RCA Victor, que espalhou por pontos estratégicos de São Paulo.
Cresceu sobre o poder arrasador de sua pena de editorialista. Levantava causas e governos e massacrava adversários com os editoriais escritos a mão e reproduzidos nas quase três dezenas de jornais diários.
Assim como construiu, destruiu seu legado ao distribuir os Diários Associados, no final dos anos 50, para 22 condôminos, que não poderiam deixar herança.
O que fez com que dilapidassem o patrimônio enquanto pudessem, na mesma rapidez em que a Rede Globo, criada em 1965, começava sua trajetória fulminante para o alto.
A decisão foi produto de outra de suas esquisitices, de não deixar herança para o único filho Gilberto, a quem odiava.
Teve um fim lamentável, entrevado numa cadeira de rodas, ainda escrevendo graças a uma engenhoca de correias e roldanas, criada pela Olivetti, que lhe permitia dedilhar seus editoriais com dois dedos.
Conta-se que, a seu jeito, mexendo só a cabeça, ainda atacava as enfermeiras.Era doido de pedra, como se depreende do excelente Chatô – O Rei do Brasil, de Fernando Morais, de onde tirei essas informações.
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