“Manifesto” era o título. Imagem é a mais recente com a definição do que ele se tornou.
Pra início de conversa, não sou candidato a nada. Duvido de tudo, até prova em contrário. Acredito em crianças e animais. A raça humana adulta ainda está me devendo explicações.
Como político, horóscopo e churrasco de laje, sempre me decepciona.
Entre direita e esquerda, prefiro a verdade. Como Roberto Campos, sou liberal em Economia, democrata em Política e anarquista em Cultura. Como Graciliano Ramos, minha liberdade (ou imparcialidade) é oprimida pela sintaxe. Como Antônio Maria, não sei para onde vou, não sei para onde vou, só sei que não vou por aí.
Mas torço sempre a favor.
Por que então um blog? Por que achar que minha insignificância e meu currículo errante podem acrescentar algo à grande algavaria em que se transformou a internet, em que todo mundo se sente na obrigação de mostrar a cara por pelo menos 15 minutos?
É preciso acrescentar? É mesmo preciso ter uma personalidade digital com email, conta no twitter ou no Facebook e um… blog? Ou é melhor ir cuidar das crianças e dos animais?
Um jornalista que respeito disse outro dia que blog é pra gente desocupada. Talvez quisesse dizer que é pra quem não tem objetivo definido ou não espera resultado.
A internet abriga um grande cemitério de blogs insepultos e inacabados dos que, tentando um objetivo e um resultado, desistiram no meio do caminho.
Os que sobrevivem continuam sendo os de quem já mostrou relevância nos meios tradicionais de comunicação – Ricardo Noblat, Míriam Leitão, Juca Kfoury, Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Luana Piovani –, os coletivos mantidos por equipes interessadas em prestar um bom serviço, mesmo que o serviço seja humor (kibeloco), e os dos candidatos a alguma coisa, mesmo que a símbolo sexual.
E eu que, não sou desocupado, não tive relevância nos meios tradicionais, não sou coletivo e, como já disse, nem candidato a nada, muito menos a símbolo sexual?
Respirando fundo e mergulhando lá dentro para responder: porque eu insisto.
Porque eu preciso estar atento. Porque preciso estar ligado no mundo. Porque tenho uma necessidade visceral, como os usuários de Facebook, de compartilhar o que me irrita e o que me excita com os homens e as mulheres do meu tempo.
Porque sou encharcado de literatura e referências culturais prontas para transbordar. Porque, como jornalista, sou sedento de curiosidade; como escritor, faminto de sentido e transcendência.
E, como os bem-aventurados de que falava Jesus Cristo, tenho sede e fome de justiça.
Ou não, como diria Caetano Veloso. Porque talvez eu seja apenas vaidoso e ache feio o que não é espelho. E também desista no meio caminho, por convicção ou preguiça de pagar o alto custo dessa vaidade em tempo de leitura e dedicação.
Se isso acontecer, se me transformar em mais um insepulto paralisado, prometo que saio do ar. Não quero e não devo tomar espaço e tempo de gente ocupada.