Ministra questiona legitimidade dos procuradores da Lava Jato num mundo político e jurídico onde ninguém a tem, mas o que lhe resta de legitimidade indica que os procuradores passaram dos limites.
Carmen Lúcia questionou a legitimidade legal dos procuradores de Curitiba no processo de liberação das conversas hackeadas de Moro para a defesa de Lula.
Imagino que ela queria dizer também “legitimidade moral”, na medida em que são réus na lambança de que querem ser acusadores.
Imagino também que não ocorreu a ela olhar para os lados nessa hora.
Teria que pensar na legitimidade dos colegas Gilmar Mendes e Lewandovski, de legitimidade um tanto quanto discutível para julgar suspeição de quem quer que seja.
Um pouco mais para o lado, poderia pensar se os colegas Fachin e Kassio, de quem ainda não se conhece decisões mais heterodoxas em favor de réus, sejam também suficientemente legítimos.
Se olhasse para a frente, teria que especular sobre a legitimidade do principal interessado, o advogado Christiano Zanin, acusado de desvio de recursos do Sistema S, em recebimentos de pelo menos R$ 68 milhões da Fecomércio do Rio.
Num mundo político e jurídico em que todo mundo é suspeito, ou ilegítimo, porém, tendo a ouvir os que retém ainda alguma legitimidade.
Carmen, para os meus parâmetros, retém. Ainda não me deu sinais inequívocos que faça política miúda no cargo. Quando julga, me inspira a ideia de que esteja tentando ser imparcial no limite do possível.
E essa imparcialidade/legitimidade me indica que ela está enfim se afastando da Lava Jato.
Simpática desde sempre à luta dos jacobinos de Curitiba, parece que, pelas últimas evidências, está sinceramente convencida de que eles passaram das medidas.
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