- Cem Anos de Solidão
A amiga Idamares Felix me desafia a publicar os sete livros que fizeram a minha cabeça, um dia por dia.O primeiro é, sem dúvida, Cem Anos de Solidão, a bíblia dos meus maiores aprendizados das técnicas de escrever prosa poética.Maior dos livros latino-americanos, inventou o realismo fantástico que assombrou o mundo e foi determinante para o Nobel de Literatura para o autor, em 1982.Gosto de quase tudo dele, em especial a pequena obra prima Crônica de Uma Morte Anunciada, que levou 30 anos para ser escrita, como conto neste artigo:
A Grande Arte
Fiquei de publicar meus sete livros definitivos, mas tive que parar no primeiro, por atropelos pessoais.Publico o segundo. Como no caso de Garcia Marquez, em que eu poderia citar alguns indispensáveis, em Rubem Fonseca também eu queria poder citar outros.Mas A Grande Arte é o que de longe melhor encapsula a totalidade de sua arte genial.Se querem saber mais dele, leiam meu artigo:
O Encontro Marcado
O Encontro Marcado é o terceiro dos livros que marcaram minha existência e me influenciaram fortemente como escritor.Seu impacto principal foi o de que era possível ser transcendental e escrever com leveza ao mesmo tempo.
Agosto
Muito dos livros que me marcaram foram pelo que ensinaram de técnica narrativa. E um dos mais influentes foi sem dúvida Agosto, de Rubem Fonseca, o de narrativa mais tradicional, mas altamente criativa na forma de cruzar ficção e realidade.A maestria em misturar um crime comum com o atentado que desencadeou a série de escândalos que deu no suicídio de Getúlio Vargas foi a inspiração desavergonhada de meu romance O Presidente Vai Morrer, de 2010.Nele, romanceio o drama de Tancredo Neves, internado e morto sem tomar posse depois de ter costurado um processo de transição delicado da ditadura para a democracia.O foca desesperado pelo furo da sua vida investiga o desaparecimento de uma fotógrafa em meio ao comício das Diretas e descobre a doença que vai matá-lo antes de cumprir sua missão. Àquela altura, porém, dadas as circunstâncias, não interessava a nenhum editor sério publicá-lo.Não deve ser interessante para quem procura literatura de arrebatamento. Como tudo de Rubem Fonseca, é um livro apaixonante para escritores.
A Fogueira das Vaidades
Depois que me formei em jornalismo, já aos 30 anos, em meados dos 80, os livros que passaram a fazer minha cabeça eram de ou sobre jornalistas, reais e fictícios.Minha tesão, como vim a aprender em Agosto, de Rubem Fonseca, e exercer no meu romance depois, passou a ser o jornalismo literário.Quando se coloca a tração da narrativa jornalística a serviço das transcendência do texto romanesco ou, por outra, a tração romanesca da literatura para dar transcendência à objetividade jornalística.Grandes livros de jornalistas escritores ou de escritores jornalistas deram grandeza a grandes personagens reais ou criaram grandes personagens fictícios com base na realidade dos jornais.Gay Talese, no primeiro caso. Garcia Marquez no segundo.A Sangue Frio, de Truman Capote, que trata com pena de ficção a chacina de uma família de fazendeiros no Arkansas, é o pilar desse novo jornalismo.Mas meu prefeito é A Fogueira das Vaidades, de quase 30 anos depois, 1987, de Tom Wolfe, outro craque do new jornalism.Conta a história de um jovem operador de bolsa de Manhattan que atropela um negro do Bronx com sua Ferrari e sua mante loira linda.Para o sistema judicial, político e jornalístico acostumado a lidar com pretos e latinos, essa carne branca é uma banquete em que todos vão fartar para turbinar seus interesses e suas carreiras numa Nova York podre de falsos valores.Foi a primeira vez que senti, na boca do estômago, o soco da perda das ilusões com a fantasia de imparcialidade jornalística. E o quanto a literatura poderia fazer por ele.
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