Embora venha reduzindo com o tempo, a resistência dos escritores de ficção com o livro digital é a mesma dos leitores.
Temos o mesmo atavismo pelo papel que produziu a inteligência do mundo, desde a invenção da imprensa. Seu formato e até seu cheiro.
Apesar de, vamos combinar, diante do que sabemos das maravilhas do livro digital, é pouco prático, ruim de carregar e de limpar. Também é um pântano de ácaros e um entulho para as prateleiras.
Um dispositivo de livro digital como o Kindle da Amazon carrega bibliotecas inteiras, é fácil de limpar com uma pitada de álcool em gel e mais ainda de carregar e manusear.
Sem falar das tantas funcionalidades que um dia desejamos para os livros de papel: ajuste do tamanho da letra e do fundo, marcador automático de páginas, grifo de trechos com um toque, armazenamento acessível por pesquisa dos trechos destacados.
Para o escritor, ele oferece possibilidades sonhadas desde a invenção do comércio de livros e das redes de livrarias. A começar de não depender da má vontade de editores para aprovar, distribuir e promover sua obra.
Por conta da capacidade infinita de armazenamento dos meios digitais, ele ficará eternamente na prateleira e poderá ser encontrado por seus descendentes até o final dos tempos.
>>>Leia no artigo Entenda a cauda longa e como seu livro pode ficar na prateleira infinita
Pelas maravilhas da inteligência artificial, ele pode ser encontrado fácil pelas máquinas de pesquisa e indicado a um leitor que procure livro semelhante, com mais rapidez e precisão do que faria um bom livreiro dos antigos.
Pela facilidade de entrega e compartilhamento, é muito mais fácil de ser divulgado em qualquer praça do mundo. Por todas as ferramentas de marketing, pode ser promovido de infinitas formas, com a participação do escritor.
Não fosse isso, o livro digital é inexorável como o fim de qualquer papel impresso, a não ser nas caixas de papelão.
Walter Benjamin, nos anos 20, e Marshall MacLuhan, nos 60, para ficar nos dois, vaticinaram sobre o fim do livro físico, como eu faço agora.
Mas nunca houve tantos indícios de que a substituição seja possível e vantajosa. Será uma questão de disponibilidade e mudança de hábito, como tudo na vida.
Embora a participação do livro digital ainda seja muito pequena no Brasil, (6,89% segundo a Global Book de 2017) e mais promissora na Europa e nos EUA, seu crescimento é superior ao do livro impresso. Curiosamente, seu melhor resultado é na área de ficção.
Numa pesquisa no Google, você achará matérias econômicas qualificando de fiasco a trajetória lenta do livro eletrônico no Brasil. Que atribuo em parte às características monopolistas do mercado, refém das compras de governo, e, em outra parte, ao atavismo que não vai durar até seus netos e bisnetos.
Seu livro digital é – e não só – investimento no futuro.
Uma pesquisa de 2016 da Pew Research Center, nos EUA, constatou que as pessoas ainda preferiam o livro em papel, mas que os leitores de livros digitais liam muito mais, cerca de 24 livros por ano contra 16 dos impressos.
Minha experiência confirma. Com a facilidade de pesquisar, selecionar, receber promoções de até clássicos por preços irrisórios, virei um comprador de livros regular que havia deixado de ser desde o fim das livrarias de rua.
Eu mudei meus paradigmas como leitor e como escritor, como conto em Como virar escritor em tempo integral com a internet. E gostaria de mudar os seus.
Se não pela cadeia de argumentos apresentados, mas, pelos menos pelo prazer de auto-publicar seu livro.
Editar, publicar e divulgar seu livro digital, com os tantos recursos disponíveis, formam um conjunto de atividades tão ou mais prazeirosas do que o ato de criar seu texto.
Funciona até como, digamos, um relaxamento depois do terror e do êxtase que é escrever um livro.
As ferramentas do Kindle Direct Publishing da Amazon chegaram a um ponto de praticidade e interação que torna a publicação totalmente intuitiva e divertida.
Você prepara seu texto no Word, importa para um editor que é um primor de descomplicação, que gera um arquivo que será publicado após alguns passos de preenchimento das características e preço do livro.
Depois de carregado o conteúdo, ainda tem um criador de capas com templates e imagens gratuitas à escolha, que já carregam com o seu título e a imagem escolhida. Querendo, pode modificar tamanho e cor das fontes.
>>> Veja os passos nesse artigo: Dez passos simples para você publicar seu livro digital na Amazon
E tem o prazer do preço, que você define, bem como a margem de royalties que quer ganhar. Enquanto as editoras lhe dão 10% do preço de capa do livro impresso, quando pagam, a Amazon oferece a opção de 35% e 70%.
Essas margens estão relacionadas à amplitude da distribuição, menor se restrita à distribuição apenas em alguns países, maior se para todos os países e línguas em que a Amazon tem site: 12.
As margens têm também relação com o preço que você estabelecer e a sua disposição de participar dos programas de benefícios da empresa.
Seu livro pode ser incluído nas promoções de empréstimo, promoções ou leitura gratuita no seu programa de assinatura Kindle Unlimited. Aquele em que o assinante paga uma mensalidade para ler os livros que quiser, à exceção dos mais proeminentes e recentes.
Nesse caso, você recebe o que é uma inovação magistral do mundo digital, que é o royallty por página lida. Mesmo que você tenha uma miséria de 10 páginas lidas de todos os seus livros no mês, você receberá por elas.
E com uma prestação de contas rigorosa, que envergonharia os editores nacionais, famosos, em sua maioria, por não prestar contas. Regularmente, você recebe por email um link que remete para a área de relatórios de sua conta no Kindle Direct Publishing.
É surpreendente, como já ocorreu no meu caso nos primeiros anos, entender que uma empresa mastodôntica com interesses mundiais e sedes ou sucursais m 12 países, deposite em minha alguns centavos de dólar por um conjunto de páginas lidas. Rigorosamente.
Somente os royalties pagos por páginas lidas podem superar o que você ganharia por 10% do preço de capa de um impresso. Em um mês que foram lidas o mesmo quantitativo de páginas do meu livro O Presidente Vai Morrer, 550, recebi 2,75 dólares.
Como se sabe, os escritores de literatura não vivem por receber e trabalham no que fariam mesmo de graça. Mas ver o dinheiro caindo em caixa e de forma respeitosa por seu trabalho, é outro dos prazeres da auto-publicação.
PS – Você pode também publicar livro impresso na Amazon, como demonstro em outro artigo.
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