Até hoje de manhã, eu achava que Lula queria esticar a corda até o limite para garantir votos para seu avatar e se cacifar para negociar apoio no segundo turno em troca, entre outras coisas, de sua liberdade.
Ele é um animal político que adora voto e mostrar que manda nele, o voto.
Mas, ao perceber estourados todos os limites e exposta toda a sua estratégia de esgarçar sua relação com o Judiciário, recurso atrás de recurso, protesto atrás protesto, começo a pensar que ele já não quer mais voto.
Quer ser inocentado.
Não quer ser inocentado pelo Judiciário, do qual não espera mais nada, e nem pelas urnas, nas quais deposita poucas ilusões.
Ele quer ser inocentado pela opinião pública, pelo inconsciente coletivo, para além dos seus 30% de eleitores fiéis, para todo mundo, de preferência.
E descobriu na cadeia o principal palanque para dizer à maioria que almeja atingir que é um injustiçado, vítima da perseguição de uma Justiça que o trata de forma desigual ao relação a outros soltos sob acusações tão ou mais graves. Para ficar nos dois exemplos mais aparentes, Aécio Neves e Michel Temer.
Não é fácil para quem se declarou a alma mais honesta do mundo, filho da analfabeta que lhe ensinou a não roubar, passar a história como ladrão. E deve estar desesperado por saber que seu tempo é curto.
A eleição 2018 é a última oportunidade que tem de ser ouvido. Tem que aproveitá-la no limite, pouco se importando que, ao esticar até quase o fim do primeiro turno a indefinição sobre sua candidatura, explode todas as pontes com o Judiciário e arrebenta a campanha de seu partido com seus candidatos.
Raposas das raposas, por certo sabe que, passada a eleição, acabam seus cartuchos e começa a solidão. Restarão a visitá-lo na carceragem os amigos que se contam nos dedos de uma mão.
Ser solto? Não é relevante agora. Também sabe que isso se resolve depois, no fim deste governo ou no início do outro.
Marketing de pobre
Um dos grandes obstáculos de marketing a contornar pelos candidatos Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo) é o fato de serem ricos, muito ricos: R$ 425 milhões de Amoêdo e R$ 377 milhões de Meirelles.
Nesse país católico de vocação africana, é mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico ser bem sucedido nas urnas de uma campanha nacional.
Nos Estados Unidos, é natural, recomendável e elogiável que grandes empresários prestem sua experiência à vida pública. Aqui, é pecado.
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