A denúncia da procuradora Raquel Dodge que redundou na prisão de 13 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao presidente Michel Temer é de peso proporcional à primeira delação da Lava Jato, que desnudou o esquema governamental na Petrobras, ou a prisão dos 13 empreiteiros que comandavam o PIB.
A grande imprensa deu a cobertura tradicional e correta, com direito a capa de Veja, longos gráficos didáticos no Jornal Nacional, manchetes e sub-manchetes no farto noticiário dos principais sites de notícia.
Por que repercutiu quase nada nas redes sociais, mesmo na banda à esquerda que cobrava punição aos inimigos do PT, na mesma medida em que pegaram o partido?
Três coisas principais, a meu ver:
- O cansaço geral da população com denúncias e certa sensação de impunidade com os políticos da cadeia de comando, que tornaram um tanto paisagem monótona qualquer nova operação policial contra corrupção. No ponto em que o esticamento da Lava Jato anda dando mais preguiça que excitação.
- A falta de um instinto de vingança contra Temer, como o há contra Lula e o PT. O presidente nunca incomodou quando foi vice figurativo, nunca empolgou enquanto tocava as reformas como presidente e nem representa ameaça eleitoral em cima dos seus 95% de rejeição, muito menos depois das novas denúncias. Contra Lula e o PT há o instinto de revanche que alimenta as redes, por tudo o que entregaram ao contrário do que pregaram e porque ainda acenam como ameaça eleitoral.
- Temer não tem carisma e contradição que valha à pena explorar. Num dos poucos vídeos que cometi como experiência no Youtube, mostro como ele não tem tração, a contradição que faz mitos como Marlyn Monroe, Princesa Diana ou Bon Jovi. Ele é previsível, monocórdio e sem graça como uma dobradiça. Diferente também aí de Lula, o herói shakespeariano de pés de barro, que se mostra o contrário do que se sabe a seu respeito.
Sua irrelevância também se acentua ao se considerar que ele nada mais tem a oferecer, nem para fora e nem para dentro, nem para a sociedade e nem para os aliados.
Porque, entre outras coisas, já aprovou o que havia por aprovar, no campo das reformas. O clima já ruim para se aprovar qualquer coisa de relevante até o fim de seu governo, em 1º de janeiro, ficou inviável com o racha que acabou provocando na base ao se lançar recandidato contra o ministro Henrique Meirelles e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Como a articulação também saiu de suas mãos, nada mais tem a oferecer a seus aliados além dos últimos Ministérios que entregou para não deixar a casa esvaziar antes da hora.
Vai ter que se consolar com o café frio que os garçons do Planalto entregam aos presidentes em fim de carreira. Quem sabe testar o que lhe resta de prestígio para negociar uma indicação de ministro no próximo governo. Assegurar um cargo de foro privilegiado que o proteja de Luís Barroso.
Não é, nem de longe, bom personagem a se bater nas redes sociais. Que, como os políticos, não costumam bater em cachorro morto.
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