O que percebo, especulo e infiro sobre as duas pesquisas do Datafolha do fim de semana, sobre índices de rejeição do governo e intenção de voto para a eleição 2018?
- Que o presidente Michel Temer tem o PIB e nada mais do que isso.
Sua aprovação de apenas 7%, a menor de um presidente da República brasileiro em 28 anos, está naquele segmento que detém 70% da renda nacional. Ele o conquistou com domínio do Congresso e a promessa de fazer as maldades necessárias no setor público que fazem a economia andar, sem medo da impopularidade, até entregar a rapadura para o sucessor.
O cálculo é que viraria o jogo a seu favor assim que suas propostas de reformas começassem a surtir efeito na economia. Como em todo processo de comunicação, o sucesso no topo da pirâmide vai repercutindo para a classe média e daí para a base. Mas tropeçou nas denúncias de corrupção explícita e recente. E o contágio que se esperava como os primeiros indicadores de melhoria foi estancado.
Não havia melhora significativa ainda que sustentasse um governo já sem legitimidade e de passado duvidoso. E que ainda enfia o pé na jaca no meio do caminho. - Lula mantém seus históricos 30% do eleitorado. Há muita análise, literatura e história para comprovar seu enraizamento fundo numa boa parcela do eleitorado de baixa renda e entre escolarizados nos sindicatos, nas universidades e no serviço público, depois de 40 anos de discurso social. Mas ele só passa daí quando arrasta a classe média conservadora e a elite empresarial, como ocorreu em 2002 e 2006, e com alguma dificuldade quando fez sua sucessora, em 2010 e 2014. Dados os processos que responde por corrupção, suas condições de atraí-la hoje, caso possa ser candidato, são remotas.
Seu apoio ainda resistente depois de tanta pancadaria tem qualquer coisa de bom recall. Para boa parte da população despreocupada de informações de conjuntura ou análises técnicas de economistas, sua imagem remete a um tempo de vacas mais ou menos gordas, muito melhor do que a catástrofe de hoje. Há quem diga, sujeito a comprovação, de que o papel de vítima também que lhe cai bem. - Marina Silva, no segundo lugar, com média de 16%, tem também algo de recall sobre a possibilidade que poderia ter sido. Antes de Aécio Neves chegar ao final contra Dilma Rousseff e ser massacrada pela propaganda maldosa de João Santana, ela figurou no topo das pesquisas como uma possibilidade real de ser eleita. Arrastava certa intelectualidade descontente com o PT e, estranhamente, parte do PIB com sentimento de culpa e metido a politicamente correto. Ainda deve trafegar por aí.
Sofre hoje quase a mesma resistência que se tem ao PT, por suas afinidades ideológicas — notadamente as de purismo ambiental — com o partido de onde veio. - Jair Bolsonaro, no segundo lugar com ela, vai na conta dos salvadores da pátria que surgem sempre em épocas de crise brava. São como Fernando Collor de Mello, que crescem na falta de informação. Outra face do discurso radical que manteve Lula em um gueto por muito tempo, só cresce se ajustar o discurso e se mostrar menos brucutu do que parece. Há uma vaga na centro direita a ser preenchida.
Joaquim Barbosa, também em segundo, empatado com eles em outras simulações, também vai na conta dos salvadores da pátria protegidos pela falta de conhecimento. Não tem história, discurso e experiência que sustente sua pregação. (Sérgio Moro, incluído em diferentes cenários da pesquisa sem nenhuma razão lógica para isso, deve ser um caso de brincadeira da Folha de S. Paulo, dona do instituto.) - A centro-esquerda meio direita que quase chegou lá em 2014, com Aécio Neves, patina entre quarto e quinto lugar com Geraldo Alckmin ou João Doria. Pagam o preço de serem pouco conhecidos fora de São Paulo. Têm maiores chances, discurso e trajetória, de ocupar o vácuo da centro direita que Bolsonaro vem ocupando por maior visibilidade. Detém também a máquina partidária e a capilaridade nacional para polarizar o candidato que vier das esquerdas.
A exceção de Lula e Geraldo Alckmin, que incorporam passado, experiência e discurso mais permeável, caso possam ser candidatos, todos os outros têm contra suas candidaturas o que previu o maquiavélico Roberto Jefferson e vem ressoando entre os marqueteiros eleitorais mais respeitáveis.
O próximo presidente deverá ser político com história, experiência, capacidade de articulação e de sinalizar a pacificação a um país cansado e dividido.
Pergunta certa nas redes
Lulista apaixonado, o senador Roberto Requião deixou publicar na sua conta no Twitter uma enquete cujo resultado, já esperado, ele certamente reprovaria.
— Se Lula for condenado pelo caso do tríplex, você acha… correto, injusto ou perseguição política?
A ampla maioria respondeu “correto”.
Sua equipe de comunicação se esqueceu de uma lição básica de redes sociais e que é clássica nos julgamentos de tribunal: só pergunte o que você já sabe a resposta.
Poder feminino de gibi
Tem uma penca de artigos de gente séria especulando sobre o novo feminismo encarnado pela nova Mulher Maravilha e muita crítica a respeito do filme enviesando pelo tom feminista. Nesse novo dirigido não por acaso por uma mulher, ela seria, entre outras coisas, independente embora cúmplice e do homem.
Como sempre nessas tentativas de tirar teoria política de gibi ou de conto de fadas, acaba soando meio forçado e deixando de fora algumas coisas que não convém. Nenhum artigo aborda, por exemplo, porque a atriz (a israelense Gal Gadot) tinha que ser tão perfeita — o que acho maravilhoso — e seus parceiros de aventura tão babacas.
Tem algo implícito de superioridade feminina, que a diretora e as resenhistas apaixonadas parece não terem se dado conta.
O filme é bonito e divertido, mas, como todo filme de super herói, bem bobinho. Não deveria ser levado tão a sério.
Carlos Lima diz
Uma informação constante em todas as pesquisas e que não é comentada é: 60% das intenções de voto ou até 70% dos votos válidos seriam dados para candidatos de esquerda (Lula, Marina, Ciro, Genro).
Antonio Mauro Cardoso diz
Com sua política populista e corrupta, colocou nosso Brasil em uma situação de Calamidade. 13 milhões de desempregado e sem pespectivas de melhora a médio prazo.
José Geraldo diz
O negócio é acabar com esse blá, blá, blá e colocar o Lula na cadeia. O lugar dele é lá.