A Folha de S. Paulo deu manchete sobre uma possibilidade de acordo que, se não for verdade, deveria.
Dos cinco ex-presidentes vivos no sentido biológico do termo, os mais vivos e de ainda alguma força sobre as três principais forças políticas — FHC, Lula e Sarney — estariam articulando uma saída para a crise.
Que chegou naquele ponto em que nenhum dos três ou seus partidos têm condições ou possibilidade de ganhar qualquer coisa com o desfecho.
Acordos ocorrem quando todos saem ganhando ou todos chegam a conclusão irrevogável de que precisam perder para se construir algo novo.
É como esses prédios inacabados em que a construtora deu cano e não tem condições de entregar a mercadoria.
Nenhum dos compradores considera outra possibilidade que não a de receber o apartamento ou o dinheiro de volta, resiste a qualquer alternativa e duvida de qualquer incorporador que se candidate a resolver o problema. Uma solução negociada só chega quando todos aceitam que o preço de perder parte é melhor do que perder tudo. Até lá, é um bate-cabeça danado.
Brasília já bateu cabeça demais e, como no prédio paralisado, nenhum lado aceita as alternativas colocadas. Nem tem um incorporador confiável e nem aceita os indicados pelo outro.
O grande entrave de uma solução negociada, em se considerando que Michel Temer perdeu as condições de governar, é achar um substituto por eleição indireta que não pareça vitória de nenhum dos três, a partir de premissas que hoje parecem óbvias:
- Nenhum deles pode ter vínculo partidário.
- Nenhum deles pode ter qualquer mancha na biografia.
- Nenhum deles pode ter posições definidas, a favor ou contra, as reformas trabalhista e previdenciária.
Não ser político, prioritariamente. Excluindo o fato de que todos os políticos estão queimados, um não admite o candidato do outro. PT e PSDB não aceitam qualquer indicação que cheire a vinculação ao outro lado, como Nelson Jobim ou Henrique Meirelles, digamos. E ambos rejeitam qualquer um que venha do PMDB.
Há cálculo da hora e há cálculo futuro. Nenhum quer colocar azeitona na empada do outro e todos preveem, em qualquer dessas soluções, uma oposição feroz que pararia o país de novo.
O ideal é um magistrado, no sentido de alguém acima das divergências, uma alma fora do espectro político que domina Brasília, para fazer uma travessia sem lado e sem preconceitos até as eleições de 2018.
Carmen Lúcia, a presidente do STF, é o que desponta. Porque a radicalização chegou a tal ponto que não é qualquer magistrado que serve. Gilmar Mendes, uma solução um tanto lógica por presidir o tribunal que vai reger as eleições, é tido como tucano. Joaquim Barbosa, visto como protótipo da moralidade, é sabidamente petista.
Respaldo popular
Para quem está precisando de respaldo popular, colocar o Exército na rua cala fundo em parcela da sociedade que quer a volta dos militares. Michel Temer já falou grosso duas vezes, em seus dois últimos pronunciamentos, e gostou do resultado, segundo suas pesquisas internas. Perigo é continuar gostando.
Os movimentos por trás dos protestos que tenham também responsabilidade.
Crime quase perfeito
Não há crime perfeito. Se você for grampear alguém, é bom desligar o som do carro.
Joesley Batista ouvia a CBN às 22h32, quando chegou ao Palácio para gravar Temer, como está no áudio. E estava de novo ligado na emissora às 23h16, quando saiu, como também está lá.
Repórteres da rádio mediram e chegaram a uma diferença a mais de 6’21 minutos no tempo real em relação ao da gravação. O que, em tese, pode explicar cortes de edição.
Há explicações tecnológicas para a diferença, mas, por via das dúvidas, desligue.
Evandro diz
Interessante.
Observador do Norte diz
Porquê a solução tem que passar por essas cinco pessoas????? O Brasi é grande, tem mais de 200 milhões de habitantes, não há mais ninguém com condições de ser presidente????? Caso isso acontença, será o “suprasumo” do retrocesso, uma volta ao passado que ninguém quer, em governos onde o clientelismo imperava! Mais um conchavo prejudicial ao povo; aliás, o conchavo impera no Brasil desde o seu descobrimento: conchavo nº 1 – capitanias hereditárias! E continuam querendo a perpetuação desses privilégios…
Nilson diz
Os 3 poderiam juntar-se à Fernandinho Beira-Mar e formar uma quadrilha, em especial o 9 dedos, PHD em banditismo.
Max diz
Qualquer solução que envolva esses três é intragável.
Prefiro o Tiririca.
Silva diz
Meus Deus. Se esta é a saída, estamos num beco sem saída.
FERNANDO MENDES diz
3 EX PRESIDENTES QUE TRANSMITEM NOJO.