Como Domingos Montagner, a Globo já teve pelo menos três casos de comoção nacional pela morte de personagens amados no meio de suas novelas.
- Sérgio Cardoso, cujo infarto interrompeu a carreira do austero professor Luciano na escola em que se empolgava com a psicóloga vivida pela Aracy Balabanian, em O Primeiro Amor, de 1972.
- Jardel Filho, também infartado a meio caminho de conquistar o coração da Irene Ravache em Sol de Verão, de 1982/83.
- Daniela Perez, a linda promessa de bailarina assassinada na vida real por seu par romântico em De Corpo e Alma, de 1992.
O comum entre os três é terem sido traídos pelo destino quando viviam uma feliz promessa de futuro. E terem quebrado uma expectativa que cala fundo no inconsciente coletivo, a de que os que sofrem, lutam e amam com sinceridade terão um final feliz.
Seja na ficção ou na vida real. O sucesso de seus personagens coincidiria com o da vida real, na fama e nos contratos de publicidade que sobreviriam ao happy end.
Domingos Montagner vinha de uma sequencia de sucessos em apenas cinco anos de carreira em novelas, depois da luta meio anônima num grupo de teatro, e experimentava, como seu personagem Santo em Velho Chico, um monte de possibilidades de redenção. Estava em algumas produções cinematográficas, algumas por lançar, cheio de planos e convites para novas atrações e novos negócios.
Essa mistura de ficção e realidade é de extrema potência na construção dos mitos ou na sacralização de nossos ídolos. Porque ilustra com desagradável verossimilhança a fatalidade e a falta de sentido no roteiro em ser e estar no mundo que tentamos camuflar quando nos entregamos ao escapismo da ficção.
Procuramos as novelas, os filmes ou os livros de amor para nos arrebatar da realidade, acreditar que os heróis vencem no final, e eis que ela se apresenta da pior forma possível, mostrando que estamos absolutamente enganados sobre suas falsas promessas.
Ela quebra a lógica da narrativa a que nos acostumamos, escrita pelos autores ou pelo destino e exagerada nas tintas pelos órgãos de comunicação quando a morte chega. A do pobre herói que sai da miséria ou do anonimato, vence obstáculos e caminha para a sua realização. Que pode durar semanas, como em Daniela Perez, muitos anos como em Jardel Filho ou Sérgio Cardoso, ou poucos, como em Montagner.
Ou décadas, como em Lula.
Ele também provoca comoção semelhante, à direita e à esquerda, a cada vez que se anuncia a sua morte antes da hora. É, na vida real, o nosso caso mais emblemático de narrativa do herói bem construída com tintas de ficção, pelo destino e pela publicidade, que se apresentava como promessa de futuro feliz que não se cumpriu.
Contra toda a a lógica do discurso dramático, ele é o herói que morre antes do fim.
Marcelo Campos diz
Análise pobre e descontextualizada.
Henrique Alves diz
Sérgio Cardoso foi em 1972, agora nada ver comparar com Lula…
sérgio diz
Lula e Dilma morreram antes da hora? Dilma guerreira? Pera lá meu irmão tá viajando?
Cristiano Marques diz
Sergio Cardoso foi em 82?