Três hecatombes midiáticas mostraram a chegada da Lava Jato aos altos escalões da República, em grande estilo:
- O arresto dos carros de luxo do senador Fernando Collor de Mello, na Casa da Dinda.
- O depoimento do dono da OAS, Júlio Camargo, transmitido online, sobre a propina de 5 milhões de dólares ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
- O indiciamento do ex-presidente Lula por tráfico de influência internacional com dinheiro do BNDES.
O depoimento de Camargo teve clima de suspense de tribunal, para quem quer conhecer as vísceras das negociatas que envolvem o presidente da Câmara Eduardo Cunha no recebimento de 5 milhões de dólares de propina.
Difícil ele contestar o depoimento detalhado de Júlio Camargo sobre as pressões que sofreu do intermediário de Cunha, Fernando Baiano, quando o acordo com a empresa coreana de fornecimento de sondas para a Petrobras começou a fazer água.
Mais emblemática do circo de horrores, a imagem da apreensão dos carros de Collor suscitou montagens impactantes, como a do Estado de Minas. O jornal contrapôs na capa a Fiat Elba que causou a queda do presidente, em 1992, entrando na Casa da Dinda, de onde saíram arrrestados ontem um porsche, uma lamborghini e uma ferrari.
A manchete “A Casa DElle Caiu de Novo” passou a ideia de que o sujeito nada mudou nos últimos 23 anos. E piorou um pouco.
O impacto ampliou a reação dos próceres envolvidos, que já vinham culpando o governo por seus infortúnios na Justiça, para dissipar a discussão sobre se roubaram ou não.
Nessa linha, não descartável, o governo poderia sim pedir ao procurador Janot que maneirasse a barra e deixasse o processo correr dentro dos, digamos, conhecidos trâmites lentos da Justiça.
Minha tese é de que, no fundo, não acham que o governo fez algo para os prejudicar, mas que poderia ter feito para evitar que fossem incriminados.
Por ação ou inação, mais por inação e por que chega um ponto em que não é possível interferir, o governo tem deixado as instituições funcionarem para apurar e prender os criminosos do Lava Jato.
Se pudesse controlar, não seriam os seus aliados que estariam levando tanto ferro.
Com bom jogo de cintura, Eduardo Cardozo é das melhores coisas do PT e o melhor figurino para gerir essa hora difícil para o Palácio.
É elogiável que Dilma o tenha mantido contra todas as pressões, principalmente a de aliados. Que é o pior tipo de pressão que existe.
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