O volume de informações no mundo dobrou entre o nascimento de Jesus Cristo e o descobrimento do Brasil, 1.500 anos depois. Passou a dobrar a cada 250 anos até que, nos anos 90 do século XX, duplicava a cada 18 meses. As estimativas atuais, se já não estão superadas, é que, lá por volta de 2025, dobre a cada 20 dias.
Entre 2006 e setembro de 2013, o Google saltou de 90 mil para 3 bilhões de consultas diárias, cerca de 100 bilhões por mês, das quais 15%, cerca de 15 bilhões, são de termos inéditos.
Há cem anos, se você nascesse sapateiro, saberia que seria sapateiro o resto da vida, sem um pingo de crise existencial. Se filho de fazendeiro, que herdaria terras. Se nascesse mulher, seria dona de casa, freira ou professora. Se fosse na venda comprar um jeans, bastaria pegar o único disponível.
Mas o que dizer a um jovem de hoje que tem 175 cursos de graduação e um número muito superior de marcas de jeans? Ao sair da loja ou da matrícula, ele vai sempre estar com a sensação de que o melhor curso ou a melhor calça ficou para trás. Está atônito como o preso que saiu da prisão depois de 30 anos.
Esse excesso, que mudou os hábitos de uma humanidade plugada em informação 24 horas por dia, criou o paradoxo da ignorância bem informada, causa e efeito de um tipo de angústia de liberdade paralisante, que vai muito bem explicada em Antecipando o Inevitável, um livro curto, objetivo e carregado de ensinamentos, do professor e psiquiatra Frederico Porto.
Enfrentá-la, em busca do sucesso pessoal, como ele ensina, requer estar preparado para se antecipar às mudanças:
Se mudar é inevitável, é preciso desenvolver a habilidade para liderar mudanças, tomar a iniciativa na vida profissional e pessoal, desenvolver capacidades para que as mudanças aconteçam também por escolha própria, não por imposição das circunstâncias.
Era da comunicação
Ele usa sua experiência de palestrante e consultor de Gestão estratégica para ensinar como desenvolver as capacidades necessárias para se adaptar às mudanças da era da comunicação e tirar proveito delas.
Que passa por saber distinguir Talento, Atitude e Oportunidade. E ter resiliência para reconhecer os limites do primeiro, iniciativa para investir no segundo e coragem para correr atrás do terceiro.
Primeiro, que talento pode ser exercitado, escreve o professor:
Pessoas desmotivadas tendem a associar a performance excelente ao talento nato e não ao esforço.
Mozart tocava desde os quatro anos, Tiger Woods jogava desde os três, assim como Neymar e Pelé. Como Winston Churchill, que treinava várias vezes seus discursos diante do espelho, Pelé já disse que ficava sempre no estádio depois do treino, sozinho, experimentando os diferentes ângulos da trave para um chute.
Em Fora de Série (Outliers), o grande jornalista da The New Yorker, Malcom Gladwell, cita pesquisas e exemplos para reforçar a marca de 10 mil horas de treinamento como determinante do sucesso. Quando Os Beatles apareceram como novidade nas paradas de sucesso, em 1964, ou Bill Gates apareceu com seu primeiro computador de garagem, eles já tinham muito mais do que isso de estrada e treinamento duro.
É uma variação mais avançada da velha máxima de que o sucesso chega quando o talento encontra a oportunidade. Como se ensina aqui, é possível se preparar para se conseguir os três.
De talento, se nasce. Mas de nada adianta se não for treinado.
Há no livro a excelente história do psicólogo canadense Roger Barnsley, que resolveu estudar porque os melhores jogadores de hóquei do seu país haviam nascido entre janeiro e março. Astrologia? Destino?
Cruzando as matrículas com as idades e as datas de nascimento, descobriu que os melhores eram favorecidos pela data limite para inscrição na liga dos campeões: 1 de janeiro. O que quer dizer que um menino que completava 10 anos nos três primeiros meses tinha muito mais tempo, disposição e chances de treinamento do que o completava entre outubro e dezembro.
Segundo, que, se nada adianta talento sem treino, também de pouco vale treino sem Atitude.
Numa das boas comparações do livro, Frederico Porto compara os exemplos do jornalista, historiador e estadista Winston Churchill, o general de disciplina férrea que liderou o embate a Hitler, com os do cantor maluquete Tim Maia, um talento arrasador que não comparecia a shows marcados.
Atitude é das condições necessárias para fazer com que a Oportunidades venha.
Cita o caso do japonês Soichiro Honda, o sujeito que colocou um motor numa bicicleta para suprir a escassez de combustível depois da Segunda Guerra e inventou sem querer a motocicleta que virou seu sobrenome no mundo.
Como muitas vezes o que emerge é um efeito colateral de nossas ações, diz o professor lembrando o paradoxo da estratégia, “a oportunidade só tem valor quando encontra alguém para aproveitá-la”.
O poder da resiliência
Se há Talento, Atitude e Oportunidade, é ser resiliente, “a capacidade de certos materiais de voltar à forma original depois de submetidos a tensão”, como o silicone, o elástico e a ponte.
A expressão usada pela primeira vez por Thomas Young em 1807 explica um Nelson Mandela, que não se deixou dobrar em 27 anos de cativeiro, e o psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905-1997), que aprendeu como prisioneiro de um campo de concentração nazista que os otimistas eram os primeiros a morrer.
Tudo pode ser tirado homem, menos uma coisa, a última das liberdades humanas: escolher sua atitude em qualquer circunstância.
Ele criou a partir de sua experiência a Logoterapia, a terapia do discurso, que pode ser tomada como base moral do livro de Frederico Porto: se descobrimos um porquê, suportamos qualquer como.
Para além da pesquisa no Google, diz ele, reinterpretando o filósofo americano San Keen:
O que molda nossas vidas são as perguntas que fazemos, as que nos recusamos a fazer e as que nunca pensamos em fazer. Qual será o meu legado, que carreira devo seguir, em que vale a pena investir meu tempo?
Pessoas não são obviamente objetos passivos, diz ele, remetendo a Eduardo Carmello, especialista em Gestão estratégica. Elas sentem, movimentam, têm um propósito. Resiliente é o que decidiu interpretar a adversidade como um aprendizado. Escolheu a inteligência e a motivação ao invés do desespero para inovar e crescer.
Há cinco graus de resiliência, dependendo da capacidade de se submeter, encarar ou superar uma adversidade, entre sucumbir ou recuperar-se para tornar-se flexível. No mais alto grau, está o supremo o objetivo de quem quer, como ensina Frederico Porto, o poder se antecipar às mudanças:
Ser positivo, focado, flexível, organizado e proativo.
Como? Bom, essa é a parte mais técnica do livro que foge ao objetivo deste artigo. Mas indispensável para quem quer turbinar seu desempenho e seu negócio na internet.
Carla diz
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