Há uma grande lista de culpados pelo infortúnio da primeira mulher presidente da República do país, entre os quais gosto de lembrar o menos votado pelos meios de comunicação: Aloizio Mercadante.
O chefe da Casa Civil e elefante em casa de louça preferido de Dilma foi quem arrebentou todas as pontes com o Congresso.
Capitaneou a chapa de oposição à candidatura de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, quando qualquer estagiário de política sabia ser temerário, e fritou o vice Michel Temer quando ela lhe entregou a coordenação política, no ano passado, em último ato de redencão.
Temer cozinhou seu ódio lentamente, articulando a seu estilo formiguinha. Eduardo Cunha idem, no seu estilo trator.
Acabaram por conveniência fazendo uma dobradinha refinada, mas é difícil imaginar que o impeachment seria possível sem o segundo.
Em junho, quando ele aprovava o que queria contra o governo, manipulando como boneco de ventríloquo os cordões do Congresso, fui um dos que o compararam a Frank Underwood, o parlamentar sem escrúpulos de House of Cards que consegue o que quer usando ou triturando amigos e inimigos, com um talento irresistível para fazer alianças, manter os aliados sob controle, virar votações e puxar a escada de traidores.
Escrevi à época:
“Só muito carisma, informação, poder de sedução e coragem para pôr e tirar bodes da sala explicam tanta capacidade para, em tão pouco tempo, virar de ponta-cabeça a agenda política nacional e destravar votações de temas adormecidos pelos múltiplos interesses em jogo.
Não tenho notícia de outro na história do país, capaz de chegar a tanto sozinho, carregando a desvantagem adicional de estar na cadeira de um poder historicamente fraco, conduzido como carneiro pelo Executivo desde que existe.
Outros como ele tiveram o mesmo poder, na mesma cadeira: Ulysses Guimarães, José Sarney, Jáder Barbalho e Renan Calheiros. Mas por que não fizeram ou não conseguiram fazer o que queriam ver feito? Por que nunca conseguiram esse protagonismo individual para fazer o Congresso empurrar goela abaixo da população ou do Executivo matérias contrárias a seus interesses?
A primeira resposta, mais óbvia, é que foram subservientes, na longa tradição do Parlamento brasileiro, seduzido, comprado ou chantageado pelo Executivo. E, mesmo quando conduziram votações importantes, o crédito acabou sempre atribuído ao Palácio do Planalto.
A segunda – e melhor – é que nenhum deles contou com uma conjunta perversamente favorável de esvaziamento tão desmoralizante do Executivo como a que vive Eduardo Cunha. Circunstâncias semelhantes, como as vésperas do suicídio de Vargas, da deposição de João Goulart ou do impeachment de Collor, tornaram Câmara e Senado maiores, mas não seus presidentes.
O que cai na terceira, mais lógica, que só se explica mesmo pelo talento individual raro dos frank underwoods da política, que sabem muito bem manipular os meios para justificar os fins, agir sob intensa pressão sem contrair um músculo da face, mesmo como chamados de ladrões em rede nacional. Sabem captar momentos cruciais de insatisfação popular causados pelo vácuo e capitanear soluções, ainda que temerárias.
São os tipos que se tornam imbatíveis quando no lugar certo, na hora certa. Quando as populações, meio cobaias e meio atarantadas, mal têm tempo para avaliar se tudo em volta é bom ou ruim.”
Em dezembro, quando aceitou o último dos 39 pedidos de impeachment, julgando-se perseguido pela máquina do governo por trás das ações do procurador geral Rodrigo Janot e traído pelo PT no Conselho de Ética, disse que a presidente cairia antes dele, apesar de todas as más evidências contra sua biografia.
Não tive dúvida.
Gerson diz
A prisão de Eduardo Cunha está na obscuridade. Das três uma:
1- Ou houve uma negociação com o governo para que Cunha mantenha a boca fechada;
2- Ou é um caminho encontrado para prender o ex presidente Lula.
3- Ou o Brasil está mudando mesmo.
Espero que seja a terceira.
Maria Marta Lavorato Loures diz
Como os brasileiros gostam de gente como o Cunha. Primeiros queriam: Somos todos cunha. Bravejavam em alto e bom som. Depois, aplaudiram o maluco da corte, que desafiou a Presidenta aclamando o mais perverso militar da hist´ria do Brasil por suas maldades. Depois, aplaudiram o resto da corja dos come quietos que nada fazem pelo País só engordam suas contas bancárias. E o que nos vem agora o ídolo dos mineiros que teve o nome citado no caso lava jato dizer que só apoia o (vice) Silverio dos Reis se o Senador delator tirar seu nome das delações. Cá pra nós, vão gostar de gente sincera assim, mas lá pela Coréia do Norte.
Carlinhos de Venda Nova diz
O colonista tratando um canalha com afagos. Sabe porque ele conseguiu tanta influência? Porque ajudou a eleger um bancada enorme de deputados através de recursos obtidos de forma nada republicana.
bem, não era de se esperar coisa diferente, como não era de se esperar comentários diferentes de golpistas, que acham na sua ilusão de analfabetos políticos e manietados pela direita e grande mídia, que os fins justificam os meios.
Acusam sem provar nada contra Dilma. Tem alguma investigação contra ela? Alguma prova concreta? Podem acusá-la do que quiserem menos de ser corrupta.
Festejam um golpe para salvar o Cunha, Temer, Aécio, Serra, Renan e demais membros do pmdb, psdb, dem, psb, pp, pr etc. São os inocentes úteis, os analfabetos políticos.
E antes que alguém fale algo, digo: Não sou petista. Nem defendo as políticas econômicas do governo. Mas sou contra esse golpe branco. Impedimento sem cometimento de crime de responsabilidade dolosamente pela presidente da república.
E se fosse outro na mesma situação seria contra do mesmo jeito.
Laura Lima diz
Bravo, Ramiro! Retrato perfeito! bjo
Ronildo Rezende diz
É verdade, parabéns Cunha, Ramiro Batista E Rodrigo Pará, fizeram colocações impares e, lógico, mantenha se longe dessa petista e de todo o PT.
Rodrigo Pará diz
Suponha-se que a querida não tenha engordado contas na Suíça como fez o Cunha. Isto a faz honesta e honrada? Não amigos. Imaginem duas situações. Um juiz de futebol leva uma grana por fora pra favorecer time A ou B. Ladrããããooo, grita a arquibancada. Em outra partida, ali perto, mesmo horário um outro juiz marca um penalti e valida um gol de mão, tudo pra favorecer o time de seu coração. Ladrãããõooo grita também a galera! Não interessa a motivação, o crime ocorreu. Coloquem os dois em celas separadas por favor… vai que rola um clima entre os dois e …. melhor nem imaginar! Tchau querida! Cunha fique longe dela, você pode sair antes, afinal você fez uma boa ação, pelo menos.