1. Lula tem alma de sindicalista. Desenvolveu competência e prazer enormes de negociar e jogar a peãozada contra os patrões quando preciso. No governo, parece ter tido competência e prazer também enormes de jogar as massas contra as elites sempre que sentiu acuado ou temeu não atingir seus objetivos.
2. Ao mesmo tempo que combateu as elites em público, negociou com elas em particular, mantendo a peãozada/massa à distancia, bem alimentada. Ao Bolsa-Família para os pobres, contrapôs os maciços investimentos do BNDES barato para os ricos, captando dinheiro a 10,75% para emprestar a 6%.
3. Não desenvolveu a grandeza dos grandes líderes, que são benevolentes e generosos com os adversários. Quis fazer marco zero de seu governo, como se o governo passado não tivesse existido, deu status de guerra às disputas eleitorais e de inimigo a destruir aos concorrentes.
4. Pareceu sempre não ter a noção do cargo, de sua dimensão histórica e da compostura que devem ter os líderes como emulador de exemplos. Defendeu amigos pilhados em roubo, justificou ilegalidades dos aliados, atacou o Judiciário, fez uso despudorado da máquina pública e não se incomodou de defender tudo isso em público.
5. Teve a ousadia de manter a estrutura e a política econômica do governo anterior, contra toda a pressão de seu partido, garantindo segurança e estabilidade. Garantiu ambiente de liberdade para os negócios, produziu desenvolvimento e a maior transferência de renda da história do país.
6. Girou o foco do Estado brasileiro para o lado mais baixo da pirâmide, contrabalançando o poder das tradicionais elites políticas e econômicas com o poder dos movimentos sociais, das lideranças de trabalhadores e de funcionários públicos. Não encarou problemas complicados – como as reformas política e tributária – e despejou dinheiro em todos os setores, da base ao topo da pirâmide.
7. Seduziu e cooptou todo mundo, das elites econômicas aos trabalhadores felizes com o aumento real do salário, da maioria do Congresso aos movimentos sociais, dos jovens da UNE aos aposentados felizes com os aumentos na aposentadoria, dos intelectuais da universidade à elite esclarecida do funcionalismo público. Só não teve talento, disposição ou competência para seduzir a imprensa. Pagou caro por isso e vai continuar pagando.
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