Se foi como o domingo negro de Collor, de 16 de agosto de 1992, o de ontem pode dar à presidente Dilma Rousseff 43 dias de sobrevida. Pode-se dizer que:
- Foi o maior movimento popular da história democrática brasileira, em tamanho e capilaridade. Superou as Diretas Já e chegou a centenas de cidades em todo o país.
- Converteu-se em um plebiscito em favor do juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, da Polícia Federal e dos procuradores da força tarefa de Curitiba.
- Mostrou-se intolerante com os políticos, como demonstraram as vaias — apesar de alguns aplausos — a Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Martha Suplicy em São Paulo. Além de oportunismo, sugeriu certa preguiça da multidão com a lentidão e o excesso de jogo de cena da classe para enfrentar a crise. Por azar, tiveram que dar as caras na mesma semana em que Aécio apareceu na delação premiada do senador Delcídio Amaral e Alckmin posou cumprimentando um político de interesses diversos ao da polícia, Paulo Maluf.
- Diferente de todas as anteriores, monopólio de jovens, juntou famílias de avós e bebês no colo, com menos festa e mais objetividade. Como se sentissem obrigadas a cumprir um dever para defender o óbvio: que seria desnecessário se a presidente já tivesse tido a iniciativa de renunciar, os políticos a de aprovar o impeachment, os juízes do TSE a de cassarem a chapa eleita com dinheiro desviado.
- Teve maioria branca e classe média, sim, mas não diferente do que sempre foi. As classes mais baixas, onde está a maioria de negros e pardos, nunca marcaram presença significativa em movimentos de massa no país, rituais de inicio de transformações de cima para baixo. É famosa a frase de Nelson Rodrigues sobre a passeata dos 100 mil estudantes, em 1968: “não vi um desdentado”.
- Refletiu o encadeamento de fatos péssimos para o governo nos últimos dias: a prisão do marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma, João Santana; a delação explosiva do senador Delcídio Amaral que envolve o ex-presidente Lula na compra de silêncio de testemunhas; o discurso feroz do próprio, estimulando reação contra o Judiciário, depois de sua condução à Polícia Federal.
- Traduziu certa reação aos protestos e invasões prometidas pelo PT e ensaiadas pelo Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) logo após o discurso de Lula, incluindo invasão a prédio da Rede Globo. Editorial deste domingo de O Estado de S. Paulo pediu claramente o impeachment, baseado sobretudo nessas ameaças:
Que as famílias indignadas com a crise moral representada por esse desgoverno não se deixem intimidar. (…) Essa turma é hoje minoritária, quase marginal, totalmente destituída da força que um dia teve, quando seduzia a parte ingênua da opinião pública nacional com a promessa de um governo de vestais, empenhado apenas em promover a justiça social.
Seu impacto político estimula a ideia de que os fatos podem se precipitar nos próximos dias e dar a Dilma uma sobrevida que lembra a do primeiro presidente cassado do país, em 1992. O STF fecha sua decisão sobre o rito do impeachment e a Câmara dos Deputados instala o processo, ainda esta semana. O PMDB antecipa o rompimento com o governo, adiado por 30 dias na convenção de sábado.
Na mesa do partido que pode definir a votação contra a presidente no Congresso, está a avaliação de que, se Michel Temer não assumir agora, corre o risco de ser cassado junto com ela no TSE, no máximo em setembro.
Fernando Collor de Mello caiu em 29 de setembro de 1992, 43 dias após o domingo negro cuja potência política se assemelha ao deste domingo.
Uma multidão de tamanho descomunal como a de ontem foi às ruas em massa, de cara pintada para guerra e luto, no 16 de agosto, três dias depois de uma bravata no Palácio do Planalto. Ele pedira à população que saísse de verde-amarelo em reação aos pequenos protestos que começam a pipocar pelo país.
Os antecedentes da revolta popular tinham muito dos ingredientes de hoje, apenas alguns milhões de dólares a menos. Uma série de denúncias escancaravam suas relações secretas com o tesoureiro de campanha Paulo César Farias, acusado de pagar suas contas pessoais com dinheiro de propina.
Como Dilma, restava-lhe um fiapo de apoio político em alguns poucos aliados fiéis e setores das Forças Armadas que poderiam aproveitar o caos para ressuscitar a ideia de intervenção de que o país saíra, a duras penas, poucos anos antes.
Seus inimigos mais implacáveis eram o PT e a CUT, que chamava de Central Única de Conspiradores. Sim, os mesmos que à época estavam do outro lado da rua, junto com a maioria. Hoje, por ironia, têm o mesmo tamanho e a mesma força dos militares que combateram.
Ramiro Batista diz
João, a Folha tem articulistas à direita e à esquerda, com posições diversas dessa. Janio de Freitas é um ícone do jornalismo, mas desonrou a biografia ao comparar a condução coercitiva do Lula com a operação Bandeirantes que arrastava presos políticos para a tortura no Doi-Codi.
Ramiro Batista diz
Oi, Carlin. Discordo um pouco, mas gostei. Espirituoso.
Carlin de Venda Nova diz
I – Não existe crime doloso imputado a Dilma para se ter embasamento jurídico para impeachment
2- A base social de Dilma e Lula é muito maior que o Collor que era apoiado pelas classes dominantes.
3 – Segundo pesquisa do Data Folha o perfil das pessoas não mudou. Em sua maioria votaram no Aécio. Formados em sua grande maioria por brancos e alto poder aquisitivo.
4 – Por todo empenho da globo, da Isto (Quanto) é, Folha de SP, Estadão, Veja e Época dos aloprados do Ministério Público Tucano de SP e dos delegados aecistas de curitiba em criar fatos para reavivar as manifestações, os números divulgados pelo Data Folha não foram representativos face ao eleitorado nacional.
5- O que se via nas manifestações era pedido de intervenção militar e vivas para o reacionário do bolsonaro. A globo e a oposição estão perdendo o controle sobre uma parcela de alienados que criou. A extrema direita graça nas manifestações.
6 – O resto é o luar de paquetá como dizia o Nelson Rodrigues
7 – O povão tava lá não
HUMBERTO ALVES GOBIRA diz
SRA. CARMEM MARQUES SAYS, NUNCA GOSTEI DE DEFENDER NENHUM CORRUPTO, SEJA ELE DE QUE PARTIDO FOR, NÃO SEI SE A SRA. É CORRUPTA MAS, PELO SEU DEPOIMENTO, ACREDITO QUE SE A SR.A TIVER OPORTUNIDADE VAI ROUBAR TAMBÉM. SE TIVER ALGUÉM DO PSDB, PMDB, PP, PSB OU QUAISQUER OUTROS PARTIDOS POLÍTICOS, ENVOLVIDOS EM CORRUPÇÃO A SRA. PODE ESTAR CERTA DE QUE IREI MANIFESTAR A MINHA INDIGNAÇÃO. A SRA. PRECISA SABER QUE QUANDO UM PESSOA SE APAIXONA ELA FICA CEGA. SE NÃO FOSSE OS APAIXONADOS ESTES CORRUPTOS NÃO ESTAVAM SOLTOS POR AÍ.
João Batista Carvalho Filho diz
Perfeito o seu pensamento Ramiro. Concordo e Compartilho. abç.
João José Santiago diz
Caro Alix
Você deve ser daqueles que só se informam pelas manchetes do Jornal Nacional. Procure se informar mais antes de agredir as pessoas. transcrevo abaixo a coluna do Jornalista Janio de Freitas do dia 10/03/16, se vc nao conhece, chefe editorial da folha de sao paulo e um dos mais respeitados jornalista do país.
O plano obscuro
10/03/2016 02h00
Em condições normais, ou em país que já se livrou do autoritarismo, haveria uma investigação para esclarecer o que o juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato intentavam de fato, quando mandaram recolher o ex-presidente Lula e o levaram para o Aeroporto de Congonhas. E apurar o que de fato se passou aí, entre a Aeronáutica, que zela por aquela área de segurança, e o contingente de policiais superarmados que pretenderam assenhorear-se de parte das instalações.
Mas quem poderia fazer uma investigação isenta? A Polícia Federal investigando a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República investigando procuradores da Lava Jato por ela designados?
É certo que não esteve distante uma reação da Aeronáutica, se os legionários da Lava Jato não contivessem seu ímpeto. Que ordens de Moro levavam? Um cameramen teve a boa ideia, depois do que viu e de algo que ouviu, de fotografar um jato estacionado, porta aberta, com um carro da PF ao lado, ambos bem próximos da sala de embarque VIP transformada em seção de interrogatório.
É compreensível, portanto, a proliferação das versões de que o Plano Moro era levar Lula preso para Curitiba. O que foi evitado, ou pela Aeronáutica, à falta de um mandado de prisão e contrária ao uso de dependências suas para tal operação; ou foi sustado por uma ordem curitibana de recuo, à vista dos tumultos de protesto logo iniciados em Congonhas mesmo, em São Bernardo, em São Paulo, no Rio, em Salvador. As versões variam, mas a convicção e os indícios do propósito frustrado não se alteram.
O grau de confiabilidade das informações prestadas a respeito da Operação Bandeirantes, perdão, operação 24 da Lava Jato, pôde ser constatado já no decorrer das ações. Nesse mesmo tempo, uma entrevista coletiva reunia, alegadamente para explicar os fatos, o procurador Carlos Eduardo dos Santos Lima e o delegado Igor de Paula, além de outros. (Operação Bandeirantes, ora veja, de onde me veio esta lembrança extemporânea da ditadura?)
Uma pergunta era inevitável. Quando os policiais chegaram à casa de Lula às 6h, repórteres já os esperavam. Quando chegaram com Lula ao aeroporto, repórteres os antecederam. “Houve vazamento?” O procurador, sempre prestativo para dizer qualquer coisa, fez uma confirmação enfática: “Vamos investigar esse vazamento agora!”. Acreditamos, sim. E até colaboramos: só a cúpula da Lava Jato sabia dos dois destinos, logo, como sabe também o procurador, foi dali que saiu a informação –pela qual os jornalistas agradecem. Saiu dali como todas as outras, para exibição posterior do show de humilhações. E por isso, como os outros, mais esse vazamento não será apurado, porque é feito com origem conhecida e finalidade desejada pela Lava Jato.
A informação de que Lula dava um depoimento, naquela mesma hora, foi intercalada por uma contribuição, veloz e não pedida, do delegado Igor Romário de Paula: “Espontâneo!”. Não era verdade e o delegado sabia. Mas não resistiu.
Figura inabalável, este expoente policial da Lava Jato. Difundiu insultos a Lula e a Dilma pelas redes de internet, durante a campanha eleitoral. Nada aconteceu. Dedicou-se a exaltar Aécio, também pela rede. Nada lhe aconteceu. Foi um dos envolvidos quando Alberto Youssef, já prisioneiro da Lava Jato, descobriu um gravador clandestino em sua cela na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Nada aconteceu, embora todos os policiais ali lotados devessem ser afastados de lá. E os envolvidos, afastados da própria PF.
Se descobrir por que a inoportuna lembrança do nome Operação Bandeirantes, e for útil, digo mais tarde.
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Alix diz
Senhora Carmem Marques says… Eu não sei se a chamo de ignorante ou de mula mesmo…combinado representar os 54 milhões, se foi só as capitais? No interior não teve manifestação… Se saissemos daki pras capitais, não iria caber nos. Mais vontade teve muita.. Agora os roubos da presindanta se a senhora não sabe quais, deve estar recebendo alguma ajudinha p ficar calada e cega..
Tiago Monteiro diz
Atenção, já é um dado oficial: ontem foi a maior manifestação de rua da história da cidade de São Paulo. Maior até do que a em favor das eleições diretas.
No Brasil todo os protestos contra Lula, Dilma e o PT foram um sucesso!
Até o desacreditado e esquerdista instituto Datafolha reconheceu que foi a maior manifestação de todos os tempos.
Ninguém acredita na parolagem da esquerda sobre “golpe”.
Enfim, o dia 13 de março ficará marcado na história como um dia magno, dia da dignidade, dia de repúdio ao socialismo e suas mentiras.
Agora que as pessoas de bem se mantenham organizadas e vigilantes, pois o nível de recalque, de ressentimento e de ódio dos socialistas aumentará.
Nós nos manifestamos pacificamente; eles, sempre de forma suja e violenta.
Carmem Marques diz
Para um impeachment é necessário um crime de responsabilidade, onde está o crime da Dilma?
Será que as pessoas que foram as ruas representam os 54 milhões que votaram na Dilma?
PAULO ROBERTO NOGUEIRA RIBEIRO diz
Nosso grande problema não se inclue apenas na incompetencia deste governo, mas também dos seu asseclas, pricipalmente instalados nos TSE, onde a ministra LUCIANA LOSSIO, que foi advogada de Dilma em sua campanha eleitoral, e por ela indicada para este importante guardador da fidelidade eleitoral, pediu vistas do processo, e assentou-se sobre ele, não liberando o processo para decisao da Corte. IMORALMENTE não se declarou impedida de analisar o processo, dado sua ligação com a CRIMINOSA presidente. E ainda temos o presidente do TSE, ex-advogado do PT, que numa manobra escusa, deixou a primeira turma do STF, para assumir a presidencia do TSE.
temos que incentivar uma reação publica para tirar das mãos dos politicos a nomeação destes cargos, pois e o mesmo que CONTRATE A RAPOSA PARA TOMAR CONTA DE SEU GALINHEIRO.