O que se intuía, sobre o avanço do jovem na internet, é confirmada pela pesquisa Datafolha promovida pela Folha de S. Paulo em junho para marcar os 20 anos de sua presença no mundo digital, a mais bem sucedida da imprensa nacional, com mais de 300 milhões de páginas visualizadas por mês e de 140 mil assinantes virtuais.
Do perfil traçado a partir de 2.437 entrevistas em 175 municípios, emerge um jovem mais conservador – preocupado com a família, os estudos e o emprego – e antenado. Muito antenado. Com mais de nove diárias plugado, é de uma geração que saltou da TV a cabo direto para a internet, sem passar pela TV aberta.
Alguns dados sobre o jovem de 16 a 24 anos, principal alvo da pesquisa:
1 – 78% têm o próprio smartphone, 76% acessam a rede pelo celular (52% no caso dos adultos) e só 34% em PCs.
2 – 34% têm a TV aberta como fonte de informação e 44% se informam em sites e redes sociais. Sobram 22% para rádio, TV a cabo, jornais e revistas.
3 – 62% acham nada seguro confiar em pessoas na rede, mas 57% já se encontraram com alguém que conheceram na rede e quase um terço (29%) já namoraram alguém. No caso dos adultos com mais de 25 anos, esse índice é de 16%. Em contrapartida, 28% declararam já ter sofrido alguma ofensa.
4 – Pela ordem, preferem Facebook, WhatsApp, Youtube e Instagram. Também pela ordem, acessam música, foto, notícia e vídeos.
5 – Diferente do jovem mais largado e contestador de pesquisas anteriores à internet, as principais preocupações dessa faixa, pela ordem, são: família, saúde, trabalho, estudo, lazer, amigos, dinheiro, religião, sexo e casamento.
6 – Mais da metade rejeita a maconha e acha indevido assistir filmes pornográficos.
7 – Seus principais sonhos são ter um bom emprego e um salário. Saem de casa mais tarde e sonham em morar fora do país. Seus maiores medos, pela ordem, perder um parente, morrer, sofrer violência ou perder o emprego.
“É um raciocínio ponderado e pragmático, não tem idealismo romântico. Desde a década de 1990, o jovem tem muito ceticismo em relação às grandes transformações do país, por isso canaliza aspirações para ideais bem tangíveis”, resumiu para o jornal Tiago Corbisier Matheus, psicanalista e pesquisador da FGV-SP.
Exemplo desse novo jovem, comportado, centrado e antenado, é a jovem assinante da Folha digital, Gleycia Miranda da Silva, de 17 anos.
A TV Folha a confrontou com um leitor da velha guarda, da era do papel, Antônio Carlos Santa Rita, de 66 anos. Sua fala traduz a amplitude da visão desse jovem, que quer mais do que apenas notícia do jornal ou de seu celular: ver comentários, acessar pesquisas, viajar em hiperlinks. O pobre do Antônio, que confessa depender de comentários apenas dos amigos, da forma tradicional, admite que só usa o celular para telefonar e olhar as horas.
Bom sinal dos tempos.
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