Já houve, antes dos governos Lula e Dilma, essa sensação na grande imprensa de que o país iria acabar.
As crises eram porém mais curtas e administradas segundo protocolos de boas relações entre os governos e os jornais, ajudadas pelas boas técnicas de assessoria de imprensa e relações públicas.
Até então, jornalistas e governantes se frequentavam, jantavam, bebiam uísque.
Lula rompeu esse padrão.
Primeiro porque tinha medo de conversa a sós com jornalista, acreditava mais na fala direta com o povão e só se manifestava sobre assuntos graves do dia em palanques. Segundo, porque cevava assessores de imprensa belicosos, como Franklin Martins.
Dilma melhorou as relações no primeiro mandato e chegou a andar de lua de mel com os jornalões, graças a graça de Helena Chagas.
Mas estar bem no seu lugar implicava não mexer no modelo de distribuição de publicidade populista do PT, fora dos critérios tradicionais de mais verbas para os maiores, segundo critérios de audiência. Mexeu e foi defenestrada por pressão dos luminares do partido.
Por estratégia ou falta dela ou o pouco apreço de seus subordinados da área de Comunicação com a imprensa, o certo é que o governo voltou aos maus tempos de Lula “no que se refere” à relação com a imprensa.
Não tem ninguém à vista no Palácio, com autoridade e jogo de cintura, para restabelecer a ponte. O ministro José Eduardo Cardozo, dos raros que goza da simpatia das redações, faz um esforço danado de apagar os focos de incêndio, mas não é sua função.
Se quer reduzir o tamanho das crises, o governo precisa rápido conversar com os jornalistas e pelo menos tentar aquele mínimo de bom senso que sempre deu certo em comunicação estratégica:
1. Admitir erros onde couber e prometer conserto.
2. Dar informação qualificada para separar o que é e o que não é culpa do governo. A maioria do noticiário sobre corrupção na Petrobras pode ser separada da conta deste governo.
3. Admitir que é a grande imprensa que alimenta as redes sociais e não contrário. Nunca culpá-la ou julgá-la e a seus jornalistas em praça pública.
4. Cavoucar notícias boas dentro do governo e entregar junto com a informação ruim.
5. E, como ninguém é de ferro, receber jornalistas fora do expediente para comer e beber.
Funciona.
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