Bastaram 20 dias de notícias, decisões e crises pavorosas, desde a eleição, para se passar a impressão de fim de feira do governo que ainda nem começou. Entre elas:
- aumento dos juros, da gasolina e da miséria,
- queda do desmatamento,
- renegociação generosa da dívida dos estados,
- déficit histórico,
- fim da meta fiscal,
- rebelião no Congresso,
- indicação de uma ministro adverso ao governo, Gilmar Mendes, para julgar as contas de campanha, e
- a mãe de todas as crises, as prisões de empreiteiros e ex-diretores da Petrobras na operação Lava Jato.
Devagar, sem alarde, porém, alguns passos e declarações da presidente Dilma Rousseff depois de um conversa longa com Lula – bem como algumas entrevistas de aliados contrariados – vai deixando entrever as estratégias para tirar seu governo da sensação de fundo do poço.
Pelo menos, cinco:
1. Faturar com as prisões dos empreiteiros, para passar a impressão de, como disse em campanha, nunca se investigou e se prendeu tanto como no seu governo e no de Lula.
2. Mandar a Petrobras limpar logo a casa, punir e afastar quem tiver de punir e afastar, para tirar logo o governo e a empresa do centro do furacão. Tanto quanto antes e mais longe possível das eleições de 2018.
3. Fortalecer um conselho de notáveis e políticos mais hábeis para se apoiar em momentos de crise e melhorar a relação com a base aliada no Congresso. Aloísio Mercadante (precisa melhorar), José Eduardo Cardozo e Jaques Wagner, na ponta. Ao mesmo tempo, abaixar a crista de petistas radicais que dificultam o diálogo, como o ex-secretário de Lula e porta voz dos movimentos sociais dentro do governo, Gilberto Carvalho.
4. Tomar algumas medidas de contenção e arrocho para reverter o discurso de irresponsabilidade fiscal que dificulta sua vida junto ao empresariado.
5. Começar a produzir ou fabricar resultados positivos, como, entre elas, a indicação de um ministro de prestígio na área econômica. Por sorte, contra todas os sinais contrários, a economia começou a des-piorar e deixar um rastro de boas informações, como o mais baixo índice desemprego da história, em outubro.
Com o arsenal de notícias ruins tende a se esgotar e a base tende logo a se ajustar quando o governo começa a dar certo, tem tudo para chegar à posse em clima de semi-euforia.
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