Como diria Lula com suas metáforas futebolísticas, o time amedrontado que tinha tudo para jogar na retranca vai para o ataque e consegue manter os favoritos na defensiva, bombardeando seus pontos fracos.
Apesar de suas fragilidades e das tremendas contradições de seu governo e de seu partido, é Dilma Rousseff que está com a bola.
1. O governo está atolado nas denúncias de corrupção na Petrobras, mas foi o candidato Aécio Neves que teve que dar explicações, durante o debate na Record, sobre suspeitas de que os tucanos quiseram vendê-la.
2. O lulopetismo de que ela é cria, almoça e janta com banqueiros, deu à banca o maior dos lucros de sua história, tentou evitar que o proto-banqueiro Henrique Meirelles sinalizasse apoio à candidata Marina Silva, mas foi essa pobre coitada que deve sair dando explicações sobre o que seria sua aliança com o diabo do capital.
3. No caso mais paradoxal, Marina está tendo que dar satisfações de coerência sobre sua postura em torno da CPMF, contra a qual o partido da presidente lutou contra e depois a favor. Foi o caso raro de imposto transformado em virtude numa campanha ruidosa para abafar a má gestão da área de saúde.
Por quê?
Por que os times em tese mais preparados, com os melhores quadros e as melhores torcidas, em situação mais confortável no campeonato, não conseguem acuá-la?
A resposta mais óbvia é que não é mesmo fácil jogar contra o time da casa, com sua torcida organizada, seus cartolas jogando dinheiro para o alto e seus fogos de artifício. E nem por que esse time esteja dando caneladas abaixo da linha da cintura.
A mais complicada, porém, é que estão jogando bola fácil e pelo alto, nas mãos da goleira, em vez de tentar seus cantos e ângulos mais desfavoráveis. Não estão sabendo explorar seus flancos abertos e nem convencer a torcida de que de fato é melhor do ela.
O líder do time liberal, Aécio Neves, joga pelo alto a bola de temas que não colam ou que a torcida não considera ou não está disposta a considerar suficiente potentes:
- a corrupção na Petrobras, que não se pode atribuir a ela,
- a situação econômica do país, que não é das melhores, mas ainda não repercutiu no coração da arquibancada a ponto de pedir um pênalti.
A líder do time social sem medo de ser liberal, Marina Silva, lança fraquinho pelas laterais o passe da tal Nova Política, que a torcida não está convencida de que seja nova, de que seja política e de que seja privilégio de um só lado.
Se forem para a prorrogação, vão ter que provar com riqueza de passes convincentes as teses que os projetaram inicialmente no coração das torcidas: a vinculação direta da presidente com os equívocos de seu partido, suas alianças com as lideranças mais velhas e mais suspeitas, a contribuição do governo para a degradação ética dos costumes políticos.
Ou então deixar a elegância de lado e devolver as caneladas.
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