Nada parece alterar o quadro do primeiro turno das eleições 2014, a se considerar a pesquisa do Ibope desta terça-feira, a 12 dias das urnas, que confirma alguns cruzamentos interessantes do Datafolha, de que se vai falar aqui.
Com 38% para Dilma Roussef, 29% para Marina Silva e 19% para Aécio Neves, nos dados de hoje, tudo parece indicar que:
1. A pancadaria da campanha de Dilma sobre Marina já esgotou seus efeitos e as denúncias de corrupção na Petrobras, com ou sem presença do diretor preso na CPI, não afetam Dilma. Há descolamento da imagem dela dos malfeitos de seu partido.
2. Há um alto grau de afinidade confirmado no eleitorado, nas faixas de 38% (Dilma), Marina (29%) e Aécio (19%). O que pensam ou o que representam parece cristalizado na cabeça do eleitor, denúncias não têm o poder de migrar voto de um para outro.
3. As faixas de aprovação parecem consolidadas e confirmam um interessante levantamento do Datafolha sobre afinidade do eleitorado. Cruzando opiniões e dados demográficos, o instituto apurou um piso e um teto limites de cada candidato, que vão se confirmando: Dilma não iria a menos de 32% e nem a mais de 39%; Marina, de 28% a 32% e Aécio, de 15% a 19%.
4. Dilma parece estar ganhando a guerra em todas as frentes, no primeiro turno. Nesse outro ótimo levantamento do Datafolha, fica patente sua maior dificuldade apenas na classe alta (7% do eleitorado), onde perderia para Marina de 19% a 36%. Elas se aproximam na classe média alta (20% do eleitorado), em 27% a 35%. Mas Dilma ganha no resto das faixas.
5. Há um leve sintoma de desconstrução de Marina em favor de Aécio, mas o tempo, esse grau de afinidade e a impotência dos fatos novos parecem muito pouco para reverter o quadro. E a queda da ambientalista, a essa altura, acaba favorecendo mais Dilma que Aécio.
6. O corpo a corpo de última hora pode beneficiar ainda mais Dilma, que tem grandes estruturas partidárias em todo o país. Aécio as tem em estados fortes do sudeste, principalmente Minas. Marina, quase nenhuma.
7. A soma dos votos de Aécio e Marina no segundo turno não é o principal problema de Dilma, da perspectiva de hoje. Estudo do cientista político Antônio Carlos Almeida de 104 eleições para governador e presidente, desde 1998, apurou que governos com menos de 34% de aprovação não se reelegem. Dilma está no limite, considerada a margem de erro.
O segundo turno, como se sabe, com tempos de propaganda eleitoral iguais e as infinitas possibilidades de alianças, é outra eleição. A terceira, já que tivemos uma até a queda do avião de Eduardo Campos e estamos na segunda.
Gerson diz
Muito boa análise.