Um dos termômetros mais confiáveis da Globo para avaliar o prestígio de suas atrizes é o volume de pedidos de informações das telespectadoras sobre acessórios, maquiagem e roupas com que aparecem nas novelas.
É um ranking impiedoso que faz e desfaz famas instântaneas.
Até o mês passado, fez a glória da bonitíssima de cabelos curtos de O Rebu, Sophie Charlotte, e agora eleva ao panteão das mais invejadas a repórter e a ninfeta vividas na novela das 9h, Império, por Letícia Birkheuer e Marina Rui Barbosa.
A repórter que assessora o blogueiro fofoqueiro Paulo Betti vem sendo amada pelo cabelo, os óculos de aros coloridos, o batom vermelho e o tom do esmalte. A ninfeta amante do protagonista milionário, pelas lingeries de levantar defunto.
Irresistível evitar uma sociologia de botequim, mas o que as faz invejadas?
Uma pista é que, quando a personagem impacta pela beleza e pelo carisma, qualquer coisa que ela veste, por mais ridículo, vira o que chamam de “fashion”. O que vai de cabelo desalinhado a esmalte verde.
A julgar pelo perfil das personagens invejadas, pode-se avançar mais um pouco na sociologização leviana e admitir que as telespectadoras projetam nelas desejos ou frustrações de ambição.
Nada mais simbólico de uma batalhadora do que uma repórter sem freios atrás de um escândalo ou uma ninfeta que usa de outros métodos mais, digamos, ortodoxos para conseguir o que quer. No caso, o homem para chamar de seu. Bem sucedido, de preferência.
A soma das duas dá uma mistura infernal: a mulher bem sucedida no mercado de trabalho, no lar e na cama. Ou, para não ofender as sensíveis, um pouquinho de cada uma: a mulher moderna e independente que não vê nada demais em utilizar o veneno de seus dotes físicos para conquistar a pitada de prazer que faz falta à sua árida vida profissional.
Etc. Ou não. Sei lá.
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