Caçadores de Obras Primas (The Monuments Men), sobre um grupo que se aventura a recuperar obras de arte roubadas pelos nazistas, no final da Segunda Guerra Mundial, é desses filmes belos, corretos e carregados de boas intenções, como em todas as escolhas de seu autor e diretor George Clooney.
Mas não eletriza, pelas opções confusas de seu roteiro.
Bons roteiros de ação têm em geral um único herói bem definido que quer muito alguma coisa e alguém vai atrapalhar. Ao forçar a barra para avançar em direção a seu desejo, vai enfrentar adversários e perigos consideráveis.
Mirando em seu sucesso Onze Homens e Um Segredo (com elenco estelar e até uma maquile do museu e Hitler, como no cassino a ser invadido naquele), ele se mete a tornar interessantes não um, mas sete personagens. Só que sem a experiência do veterano roteirista Charles Lederer (roteiro original) e do diretor Steven Soderbergh, capaz de dar intensidade a todos em cena, como em Traffic.
No mínimo, dilui o protagonismo em dois: não se sabe se o herói do filme é ele ou o outro galã, Matt Damon, que corre por fora para encontrar a mocinha, perder a mocinha e recuperar a mocinha, uma colaboradora e salvadora de obras na resistência francesa.
Também não há um bom vilão nítido a enfrentar, como foi Andy Garcia, o temível dono do cassino a ser roubado em Onze Homens. Apesar de tantos escombros e patrulhas de guerra, tudo parece fácil e há mais diálogos que ação.
Como não é bobo, se socorre dos mecanismos consagrados dos roteiros eficientes: o herói que sai de sua zona de conforto , enfrenta e perde, enfrenta e perde, até dar seu ponto de virada e voltar para casa renovado. Mas nada é suficiente claro, intenso e comovente. Salvam-se só algumas boas frases.
– Hitler não quer roubar apenas obras, mas a história desses povos.
Como roteirista e diretor, Clooney ainda vai/precisa aprender muito.
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