Sobre o debate dos presidenciáveis Folha/Uol/Sbt/Jovem Pan, nesta segunda-feira:
1. Como bem disse a colunista Eliane Catanhêde na Folha, o segundo turno já começou. Dilma Roussef e Marina Silva fizeram a polarização – até no contaste da roupa – que está nas manchetes de todos os jornais. Se ela temia Marina como adversária, escolheu mal, por opção ou por inevitável.
2. Se o primeiro debate na Band foi de Marina, que trouxe a novidade de sua polarização com os outros dois, esse foi de Dilma. Ficou na berlinda, monopolizou atenções, acusações e debates, até por conta do noticiário recente sobre o risco de recessão. E goste-se ou não dela, de sua cara amarrada e da agressividade que explica em parte seus altos índices de rejeição, tem mais informações, mais argumentos e mais resultados.
3. É sintomática a segurança com que tratou e desqualificou Aécio Neves, que não parece mais fazer parte de suas preocupações. É sintomático como ainda pisa em ovos para tratar com Marina. Evitou temas em que a concorrente pode surfar, mesmo na defensiva, como as polêmicas relacionadas a questões de fé – casamento gay e homofobia.
4. A polarização com Marina provocou uma inflexão em seu discurso desenvolvimentista que pode tudo. Para se contrapor ao que seriam os sonhos e as ideias vagas de Marina, enfatizou racionalidade, realismo e competência de articulação política. Mais um pouco e falaria de responsabilidade fiscal, como o PSDB.
5. Aécio Neves foi relegado a terceiro lugar e pareceu já meio confortável psicologicamente nele. Não conseguiu cutucar Dilma com vara curta e os cuidados com Marina deram a entender que já lança pontes em sua direção por um acordo. Já que estamos no segundo turno, vamos negociar logo.
6. Não trouxeram novidade a seus conteúdos. Aécio tentando vender sua experiência em gerenciamento para desqualificar as derrapadas do governo, Dilma despejando dados para retrucar as críticas por demais conhecidas, Marina tentando o contraponto entre os dois. É de longe a mais segura e tranquila dos três, sintomaticamente vestida de branco paz eterna. No único aperto que tentaram lhe passar, sobre as palestras remuneradas, mandou bem: não informa quem pagou por acordo de confidencialidade, mas não impede que seus contratantes o façam.
7. O melhor do debate foi seu horário, fim de tarde e inicio de noite, que não atrapalha a programação noturna de ninguém e ainda dá tempo para os jornais repercutirem seu conteúdo. O modelo com perguntas, réplicas e tréplicas com tempo marcado e presença dos nanicos está esgotado como forma de aprofundar temas. É chato, superficial, desnecessariamente longo e serve mais a espertezas. Um candidato faz o outro de escada para se propagandear ou as meias respostas para emendar mais propaganda. Mas ainda tem futuro para jornalistas e comunicadores como eu se deliciarem com as contradições. Se quiserem renová-lo, as TVs têm que resgatá-los das ditaduras dos partidos, que impõem o ritmo.
PS – Quais os problemas de comunicação de Aécio? Pretendo tratar num próximo post.
Deixe um comentário