O programa de Dilma Roussef no horário eleitoral gratuito desta quinta-feira foi um tiro de canhão, com toda a exuberância que os publicitários conseguem quando têm recursos e grandes imagens. Plástico, cinematográfico, vigoroso nos discursos e envolvente nas imagens.
Pareceu destinado a cristalizar o apoio no nordeste, onde o espólio de Eduardo Campos pró Marina Silva poderia comer os votos pelas bordas. Mostrou imagens colossais de obras monumentais do tempo do Brasil grande. À frente, uma Dilma impecável, com vigor de guerrilheira não fosse o figurino de novela das 9h.
Muito difícil que não convença a quem tem dúvidas sobre a capacidade gerencial do governo de que, no mínimo, putz, alguma coisa esse governo faz. Um governo incompetente não tocaria tanto em tão pouco tempo.
Por que então os grandes jornais e revistas não transpiram isso e parecem mesmo um partido de oposição, segundo o discurso do padrinho Lula, que fecha o programa com seu conhecido discurso de demonização da imprensa?
Porque… três coisas:
1. Não discordo que haja má vontade da imprensa com o governo, mas não por isso.
2. Jornais sérios nunca fizeram proselitismo a favor de governo e suas obras. Sua natureza é a de buscar a falta, a exceção, o estranho, o escândalo, o que sai da normalidade. Não têm a obrigação de reconhecer nada e é na tal vigilância do governo que se cumpre o seu papel.
3. O problema na relação tem nome e sobrenome: Partido dos Trabalhadores, vulgo PT.
Representante involuntária e inevitável do status quo, a grande imprensa não tem qualquer afinidade com um partido que ataca ou relativiza tudo o que esse status quo defende: livre iniciativa, sistema representativo tradicional e direito à propriedade.
O PT desconfia do empresariado, vive propondo mecanismos de substituição do Congresso pela vontade popular e vê com simpatia as invasões dos movimentos sem teto, sem terra, sem casa. Nenhum outro bate como ele nas instituições consagradas desse modo de vida que elegeu o sistema democrático cristão ocidental defendido por ela. A desmoralização do STF é só um dos bons exemplos.
Ora. Se o partido tem uma sincera aversão ao status quo, a esse sistema de valores, por que insiste em querer seu apoio e compreensão?
Simples assim.
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