A respeito de Aécio Neves na primeira entrevista do Jornal Nacional com os presidenciáveis:
1. Foi esperto, sereno e falou o que quis, no tempo certo. Não necessariamente convincente. Quase um horário eleitoral gratuito antecipado.
2. Não deixou que a câmera o pegasse sem estar rindo. Não conseguiram pegá-lo tenso, preocupado ou acuado.
3. Na conhecida tática dos políticos mais tarimbados, respondeu curto ao que é constrangedor e emendou com propaganda. Aproveitou a resposta ao caso do aeroporto de Cláudio para dizer que Minas asfaltou umas centenas de estradas e construiu dezenas de aeródromos. Fugiu de assumir medidas impopulares, mas falou de que fez governo republicano em Minas.
4. Na espertíssima tática dos políticos de comício, mostrou proximidade e conhecimento das realidades regionais citando nome de eleitores com os quais cruzou em campanha.
5. Sinalizou sua diferença em relação ao governo Dilma em dois pilares: ética e capacidade gerencial.
6. Sinalizou que vai assustar a plateia com o medo da volta da inflação, para lembrar que o PSDB é que acabou com ela.
7. Poderia ter enfatizado a melhor resposta sobre a diferença entre PT e PSDB no caso de corrupção. Mais ou menos: “no PSDB, não chamamos corruptos de heróis”.
8. Poderia ter feito o mesmo mea-culpa que colocou no texto em que defendeu o aeroporto de Cláudio, admitindo que foi uma atitude impensada mas que não se arrepende.
9. William Bonner e Patrícia Poeta estão cada vez mais duros e mais longos, mais preocupados com contradições que propostas. Nada contra. Mas suas perguntas poderiam ser encurtadas para não chupar tanto tempo do programa.
10. Sobre a cobertura da imprensa:
- A Folha foi sacana no título de capa (“Aécio não se constrange por usar aeroporto”),
- Estadão, mais cuidadoso (“Aécio diz não se sentir constrangido por utilizar…”),
- O Globo, mais completo, analítico e premonitório (“Aécio diz que vai realinhar tarifas de energia e gasolina…”),
- Veja, apostando no medo e na catástrofe (“‘Governo Dilma retoma agenda derrotada da inflação'”, diz Aécio),
- Época e IstoÉ ignoraram, Carta Capital preferiu bater na janela (“Bonner foi duro com Aécio”),
- Estado de Minas ignorou e O Tempo foi na gestão (“Aécio promete enxugar Estado, mas evita explicar medidas impopulares”).
PS – A primeira série de entrevista no noticioso de maior visibilidade do país (que continua hoje e até quinta com os demais candidatos) é melhor para a oposição se fazer conhecida do que para o governo fazer algumas coisas serem esquecidas. Dilma mais perde do que ganha com elas.
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