Tudo somado, Dilma acabou ganhando a solidariedade da imprensa por conta da incompostura da torcida no Itaquerão. No mínimo, escreveu-se que não se bate em mulher. E ainda mãe e avó:
Xingamento de ‘yellow blocs’ da elite foi machista e vergonhoso >>>
Se tivesse feito o discurso, mesmo debaixo de vaias colossais, é possível que ganhasse ainda mais condolências. Seus marqueteiros erraram aí.
Passar por vítima também pode ser bom em política.
O que ela precisa se preocupar é o que a vaia e o palavrão da classe endinheirada ali presente traduzem.
As imagens de arquibancada mostraram que ali não havia, como disse Nelson Rodrigues sobre a passeata dos 100 mil em 68, um negro, um desdentado. É nessa faixa do meio da pirâmide pra cima que sua popularidade capenga.
Pior do que isso, contra a média nacional de 34% do último Datafolha, ela tem apenas 23% de aprovação no estado de São Paulo. Na cidade, só 19%. E, entre a turma que pode pagar mais de 1.000 por uma cadeira no Itaquerão, só 11%.
A turma branca e anglo-saxônica daquelas arquibancadas acham seu governo ruim ou péssimo.
As vaias e os palavrões nesse estrato são na verdade contínuas, cotidianas e caladas.
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