Como usar as ferramentas disponíveis na internet para ser escritor em tempo integral e obter em um dia a audiência que levaria uma vida.
Uma das grandes entraves dos escritores da geração que se formou por livros, como a minha, é mudar o paradigma.
Ainda pensamos em escrever o grande livro de nossa vida e resistimos à ideia de que o mundo mudou com a internet e que hoje é possível e preciso ser escritor o tempo todo.
É possível obter em um único post, um artigo ou vídeo milhares de leitores que se levaria uma vida para conseguir.
E até três vezes ao dia, um artigo pela manhã, um post à tarde, um vídeo à noite.
Seu livro mesmo pode ser escrito em muito menos tempo do que os anos de pesquisa e redação, diante da infinidade de recursos e material disponível ao dedo.
Sua editoração e publicação, em algumas horas, sem depender de editoras e sem passar pelo calvário de recusas humilhantes.
Divulgá-lo só depende de você. É possível ainda saber a cada instante se está agradando e mudá-lo segundo os feedbacks instantâneos.
Vendê-lo também. E a remuneração é mais segura e precisa, com prestação de contas a cada venda.
Sem contar que o livro permanece em estoque, nas infinitas prateleiras virtuais, para sempre.
Apesar de resistências, eu tenho mudado o paradigma. Graças em parte ao primeiro insight provocado por Start, não por acaso um livro, do americano Jon Acuff.
Foi a primeira sacudida de tremer o chão a me mostrar que, com os recursos atualmente disponíveis, é possível ser escritor em tempo integral na internet e que é possível acelerar a experiência, aprender ou fazer em cinco anos o que nossos pais levavam 50.
Acelerando a escrita
Ele havia passado sem sucesso por oito empregos tradicionais até os 40 anos, de redação publicitária a venda de smokings, até descobrir o poder da internet.
Em 2008, criou um blog precário na plataforma de templates gratuitos Blogspot, contou a 100 amigos e começou a compartilhar suas experiências em parágrafos bobos.
Em oito dias, tinha 4 mil visitantes. Pergunta no livro:
Você consegue ao menos imaginar como eu teria compartilhado minhas ideias com quatro mil pessoas em oito dias, de graça, há 30 anos?
Em 2010, entrou para a equipe do célebre palestrante motivacional Dave Ramsey, profissionalizou-se e foi viver o sonho poder ser escritor em tempo integral.
Três anos depois, já palestrante nacional, comentarista da CNN e já na fase da Orientação, em que os pais chegam aos 60 anos, foi ao Vietnã inaugurar duas creches construídas com doações arrecadadas pelo seu blog.
Sua curta experiência de construir em cinco anos o que nossos pais levaram 50 foram resume bem as mudanças de paradigma possíveis com o mundo novo da internet.
Ao mesmo tempo, dá um mapa de como recomeçar a vida com nova motivação dentro desse universo infinito de possibilidades, a qualquer tempo.
Acuff mostra como é possível acelerar a experiência que as pessoas acumularam em 50 anos de vida, para fazer o que precisa ser feito, fugir da média e atingir a grandeza em muito menos tempo.
Nossos pais, diz ele, passaram dos 20 aos 30 anos aprendendo, dos 30 aos 40 focando, dos 40 aos 50 dominando o seu ofício, dos 50 aos 60 colhendo e, dos depois dos 60, distribuindo, fazendo caridade ou orientando os mais jovens.
Passaram a maior parte da vida contribuindo para uma previdência ou lutando para comprar seu imóvel e gozar a aposentadoria.
Para desenvolver um negócio próprio, precisaram montar um comércio ou uma pequena indústria, contratar empregados, fazer propaganda e esperar os clientes e os fiscais do governo.
Se quisessem publicar um livro, passariam as noites de alguns anos em claro para escrevê-lo, outras de ansiedade para aguardar a resposta da editora e outras tantas à espera da prestação de contas para saber se vendeu.
Se quisessem divulgar uma causa, precisariam cavar espaço num jornal, se eleger vereador ou deputado ou virar pastor e sair pregando de porta em porta.
Como ele ensina, hoje, se você quiser publicar um livro, pode fazê-lo 24 horas depois de escrevê-lo. Em menos de outras 24, poderá ser lido aqui, em Portugal ou na Indonésia.
E, no mesmo instante, pode começar a contar o dinheiro que cai na conta bancária e, simultaneamente, analisar quem está comprando, onde e por quê.
Para montar seu império, você não precisa montar uma loja, contratar empregados, fazer propaganda em outdoor e esperar os fiscais do governo.
Com alguns cliques, você tem um mundo de pessoas e plataformas prontas e gratuitas trabalhando para que você possa editar e compartilhar instantaneamente textos, fotos e vídeos.
Olhar de escritor
Start dá, além dessas, as ferramentas emocionais para que o leitor “dê um soco na cara do medo”.
Enfrentar as chamadas crenças paralisantes que compelem à zona de conforto e ao medo de ousar que, invariavelmente, conduz a uma vida mediana como a dos nossos pais.
O poder em cinco passos
Fugir da média e buscar a grandeza, num tempo em que qualquer um pode, é o que ele propõe e ensina nos cinco tópicos destinados a encurtar a experiência que levava 50 anos:
- Aprendizado – Aquela em que é preciso investir tempo para dominar um assunto, estabelecer metas factíveis e não se deixar sabotar por desculpas protelatórias.
Se precisa de tempo para a família, acorde às 5h. “Seja egoísta às 5h da manhã.”
Se falta motivação, imagine que sobreviveu a um desastre de avião.
O que você se arrependeria de fazer se morresse hoje? - Foco – É a fase de tirar e não de somar. Jogar fora o que não serve, definir o que se pretende, editar o que interessa. Como Michelângelo que elimina da pedra o que não é David.
Ao editar seu caminho, abre infinitas possibilidades.
Como o escritor que não se vê como alguém que escreve livros, mas que gosta de distribuir ideias. Para isso, há um milhão de empregos possíveis: blogueiro, escritor, apresentador, palestrante, consultor, editor.
A grandeza não é um cargo, é uma missão. - Domínio – É a hora de ir para o campo, treinar, investir em qualquer atividade que permita trocar tempo por experiência. Voluntariar-se em palestras gratuitas, escrever para blogs e evitar as armadilhas de se promover mais do que trabalhar.
“A internet tornou ridicularmente fácil promover seu sonho, sua arte, sua paixão, qualquer coisa. A tentação é gastar mais tempo promovendo do que fazendo.” - Colheita – Aqui, quando já se começa a receber os frutos do investimento, o principal conselho é não ser babaca.
Com a fama, as pessoas acabam criando expectativa em torno de você e o risco é se criar uma imagem de fachada para corresponder a essa expectativa e acreditar nela. O que invariavelmente cria acomodação, paralisação e retorno à média. - Orientação – Em resumo, não sentar em cima do sucesso. Medo e insegurança fazem resguardar o que conquistou e não começar de novo.
“Se você quer ser mais incrível, precisa começar de novo, voltando à terra do aprendizado para começar algo novo ou ajudar alguém em suas jornadas.”
Ofício de escritor
Acuff recheia os conselhos com histórias saborosas de experiências suas ou alheias, de quem bateu a cara em diversas portas e não desistiu.
Para quem tem medo de ousar e se sente desanimado na primeira tentativa:
James Dayson teve 5.126 protótipos antes de terminar o aspirador de pó. O Angry Birds foi a tentativa de número 52 da Rovio. A autora do best-seller que virou filme A Resposta, Katheryn Stockett, sobre negras que ajudam uma branca a escrever um livro no sul racista dos anos 60, recebeu 60 negativas de editoras.
Ou para que os se aventuram em algo que não domina:
A bela Gwineth Paltrow achou que poderia usar a fama do Oscar por Shakespeare Apaixonado, de 1998, para saltar sobre a fase do Aprendizado e transferir seu prestígio para uma carreira de cantora. Gravou um disco que foi retumbante fracasso.
Ou ainda para os que se deixam abater por um insulto e acabam dando mais valor a uma crítica que uma arquibancada de elogios:
Larry David, criador do seriado Seinfeld, foi aclamado por 50 mil pessoas num jogo dos Yankes, em Nova Iorque, quando o serviço de som anunciou sua presença nas arquibancadas e tocou a música de abertura do programa.
Na saída, em direção ao carro, alguém se aproximou da janela entreaberta do seu carro e o chamou de “imbecil”. Pois foi a imagem desse sujeito furibundo a alguns centímetros do seu rosto que ocupou sua mente no resto da viagem de volta a Los Angeles, ao invés dos 50 mil que o haviam aclamado naquela noite.
Mas o que melhor explica a mudança de paradigma é uma das formas como ele exerce seu ofício de escritor nesses novos tempos. Escreve frases em post-its e publica no Pinterest.
Continua sendo escritor, mas, mais do que isso, o distribuidor de ideias que sempre quis ser, utilizando as ferramentas que estão, mais do que nunca, ao seu alcance.
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