Desde A Bela e a Fera, de 1991, que as princesas Disney vêm ficando cada vez mais independentes e tornando seus príncipes cada vez mais irrelevantes.
O melhor ponto da curva foi a Rapunzel de Enrolados (Tangled), de 2010, de frigideira em punho e cabelo de mil e uma utilidades para salvar o príncipe bobão. E o mais alto a Merida de Valente (Brave), de 2012, que resolve ela mesma escolher numa prova de arco e flecha o seu príncipe – e não o contrário.
Em Frozen, elas praticamente os dispensam. História de duas princesas separadas na infância que se amam, está quase para um amor lésbico, não fossem irmãs – a rainha obrigada a se enclausurar e a jovem destemida que vai tentar salvá-la. Anotem: não é o príncipe que vai salvá-la, mas outra mulher, numa relação de confiança e cumplicidade que deixam os homens em cena quase sempre à deriva.
Não deve ser por acaso que esses dois últimos foram escritos por mulheres, Brenda Chapman (Valente) e Jennifer Lee (Frozen). E a se continuar no ritmo, não duvidemos que possamos ter uma princesinha lésbica pela frente.
Nada contra, mas pode estar aí a explicação para a redução da voltagem aventuresca desses dois últimos espetáculos. Enrolados, escrito por Dan Fogelman, é infinitamente mais eletrizante e cheio de reviravoltas, a melhor mistura da graça de Disney com a tecnologia da Pixar. Além de que os poucos números musicais bem coreografados e nos lugares certos ajudavam a empurrar a história com leveza.
Pode ser que mulheres, que preferem discutir a relação e não lutas de capa e espada, conduzam os desenhos da Disney para romances sem luta física e, talvez e cada vez mais, cheios de canções que, em Frozen, interrompem a ação para explicarem o personagem.
Não sei se para o bem ou para o mal, mas, a julgar por essa cantoria fora de lugar, podem acabar meio chatos.
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