Dilma Roussef é uma presidente frágil. Não tem dez por cento do carisma e da força de convencimento de seu padrinho. Estão aí um Congresso que não domina e a fama de mal humorada de quem precisa esmurrar a mesa para ser respeitada.
Joaquim Barbosa é um presidente frágil. Não consegue completar a única grande obra pela qual ficou famoso, a prisão dos condenados no mensalão, e tem pouco tempo à frente do STF para provar que tem capacidade de comando e não apenas um jeito irascível contra colegas, convidados e jornalistas que vai minando sua popularidade.
Renan Calheiros é um presidente frágil. Dos três, por habilidade e esperteza política, é o que parece ter mais pulso para enquadrar e mudar o seu quintal. Mas, por conta de seu currículo mal visto, não andava podendo sair às ruas e muito menos agora, quando elas estão cheias.
Sintomático que tenham reagido ao grito acachapante das ruas tentando empurrar a sujeira de seu quintal para o vizinho:
1. A presidente tratou de colocar a culpa no Congresso e convocar um pacto dos três poderes e de governadores, para afastar da barra de seu tweed qualquer questionamento aos negócios de alguns de seus ministros ou às alianças espúrias com que preencheu parte de 39 ministérios discutíveis.
2. O presidente do STF voltou a acusar o Legislativo de inoperância e falta de vontade política, esquecendo-se de que tem debaixo da toga um poder que não prende ricos, não condena a maior parte dos autores dos 50 mil assassinatos anuais e não desenrola processos com mais de 20 anos de vida.
3. Responsável pelos resultados mais imediatos após o baque das ruas, o presidente do Senado tratou de destravar projetos emperrados ou abominados (PEC 37, voto secreto, combate à corrupção), para também afastar do bico da gravata a fama que Joaquim Barbosa e o restante dos brasileiros conhece bem.
Se são/estão frágeis mas reagindo, é um grande sinal de que nossas instituições são/estão fortes. A possibilidade de que suas fragilidades sejam testadas no meio dessa tempestade, que tenham bom espaço de manobra para tentar corrigir o rumo e estejam até crescendo na crise, é a melhor tradução do vigor dos poderes que comandam e do sistema democrático que lhes cabe guardar, manter e defender.
Talvez seja até vantagem que os jovens responsáveis por uma das mais severas sacudidas no colarinho de nossos governantes tenham topado com comandantes fracos, inseguros e com vontade de mudar. Dilma e Barbosa têm algo de inexperiência e idealismo que pode tornar as coisas um pouco mais difíceis, mas talvez mais saudáveis e promissoras. Renan tem muito de vontade, para salvar a própria pele.
Batessem de frente com líderes mais espertos, mais severos ou mais velhacos, como Lula no Executivo, Gilmar Mendes no Judiciário e Sarney no Legislativo, os meninos poderiam ser enquadrados, manipulados ou, na melhor das hipóteses, domados mais rapidamente.
No momento dramático e no terreno meio pantanoso em que todos estamos metidos, frágeis e inseguros, eles podem ajudar de fato Dilma, Barbosa e o esperto Renan a assumirem suas responsabilidades e construírem um país novo.
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