O que projeta os grandes líderes, em qualquer atividade humana, é que, cehgada a hora certa, usam o preparo acumulado para fazer o que precisa ser feito.
– Na política, se você precisa que algo seja falado, chame um homem; mas se precisa que algo seja feito, chame uma mulher – brincou certa vez Margareth Thatcher para explicar a mão de ferro com que fechou empresas, reduziu impostos e peitou sindicatos.
Era a hora certa.
A Inglaterra, no final dos anos 70, como boa parte do mundo, vivia a exaustão do modelo concentracionista de planejamento governamental indutor do crescimento que acabou criando um estado pesado que sacrificava os negócios, a classe média ascendente e, ao contrário do que pretendia, o desenvolvimento.
E ela estava preparada.
Filha de dono de quitanda, sabia dos sacrifícios do pai para sobreviver como comerciante num estado parasita. Tinha dele também o fervor religioso que deve ter-lhe incutido o sentido de missão e algum messianismo. Ministra da Educação, cortou o leite da merenda escolar porque era o que, à época, entendeu que devia ser feito.
Não se elegeu primeira ministra três vezes à toa e não exerceu tanta influência no mundo apenas por causa dos seus olhos azuis e seu penteado de ferro. Depois dela, seguida de Deng Xiaoping na China e Ronald Reagan nos EUA, o liberalismo econômico ganhou força como política de estado e seus opositores, o trabalhismo, o socialismo e a democracia social, tiveram que se reinventar: considerar questões inadiáveis como redução do peso do Estado e responsabilidade fiscal.
Não é pouca coisa.
Com o tempo, lá pelo fim dos anos 90, a ortodoxia liberal também começou a mostrar sinais de esgotamento. À espera de algum outro líder tão carismático quanto ela para empreender algum outro modelo que nos salve, com força suficiente para se tornar referência, como ela o foi.
Pena que, ao que parece, até agora, ainda não surgiu.
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