Economistas provam que dar presente em dinheiro poupa tempo e energia sem deixar de maximizar o bem-estar que é o objetivo do presente.
Houve um tempo em que você ganhava de presente lenços de limpar nariz, daqueles de pano, em lindas caixas de três, seis a doze.
Você agradecia com um sorriso amarelo, temendo a obrigação de vir a ter que usá-los na forma para a qual foram feitos – dobrados, dentro do bolso, cheios de catarro.
Depois veio a fase das meias pretas, beges e cinzas, que entupiu suas gavetas para gerações. E a das bermudas e camisas xadrezes que lhe deixavam com a cara daqueles turistas americanos com meia no meio da canela.
Claro que teve também a das cuecas cinzas e pretas para você que prefere as brancas, a ponto de você mesmo comprá-las. E você teve que as ir consumindo e destruindo até o Natal seguinte, quando novas remessas chegariam.
Certamente, você já tentou amenizar o problema pedindo à esposa que passasse para os amigos e parentes a dica de que gosta de vinhos e livros. E acabou se transformando em fiel depositário de alguns estoques de vinhos amargos e livros doces. Daquele tipo de autoajuda que, se fossem lidos num trem, você iria jogando pela janela a cada curva.
Não tenha dúvida. As pessoas revelam uma imagem absolutamente diversa da você que se faz.
Não bastasse isso, você é um tremendo fardo na hora da escolha do presente para as pessoas que te amam, as mesmas que, na melhor das intenções, te entopem de meias, cuecas cinzas, bermudas xadrezes, vinhos equivocados e livros de autoajuda.
Te asseguro que não há sensação mais terrível do que pedir sugestão de vinhos a um somelier sem, como no meu caso, entender deles mais do que o que seja branco ou tinto.
Por que então não dar e receber presentes em dinheiro?
A eficácia de dar dinheiro
Joel Waldfogel, da Universidade da Pensilvânia, é da linha de economistas que entende o ato de presentear como forma de maximizar o bem-estar ou a utilidade de quem o recebe.
Em Scroogenomics: Why You Shoudn’t Buy Presents for the Hollidays (Economia da Avareza: Por que você não deveria dar presentes de fim de ano), consolida suas ideias sobre a ineficácia econômica do presente. Teoriza sobre a defasagem entre o valor do presente, aquela bermuda xadrez que sua tia lhe deu no aniversário, e o que você faria se tivesse recebido dela o mesmo valor em dinheiro.
Ele chama a atenção para a epidemia de utilidade desperdiçada no fim do ano:
“O principal é que, quando outras pessoas fazem compras para nós, sejam roupas, música ou qualquer outra coisa, é muito improvável que escolham tão bem quanto nos escolheríamos. Podemos estar certos de que suas escolhas, por mais bem-intencionadas, certamente errarão o alvo. Em relação ao grau de satisfação que seus gastos poderiam ter-nos proporcionado, suas escolhas destroem o valor.”
E chega a defender a tese de que haveria uma grande economia de recursos sem perda da maximização do bem-estar e da felicidade que são os objetivos finais dos presentes, se as pessoas ganhassem o seu presente em espécie.
Porque, segundo suas pesquisas, no geral, as pessoas indicam que, com o mesmo valor da bermuda xadrez ou até 20% menos, comprariam algo que lhes daria maior satisfação.
Para isso, entretanto, seria necessário superar alguns preconceitos culturais arraigados contra o dinheiro.
Presente como necessidade humana
Outro teórico americano desse assunto empolgante, Gregory Mankiw, diz que presentear atende a uma necessidade humana de sinalização.
“Um homem que pretenda presentear a namorada dispõem de uma informação particular a que ela gostaria de ter acesso: realmente a ama?” Como encontrar um pressente adequado requer tempo e esforço, a escolha de um presente adequado é para ela uma maneira de “transmitir a informação particular do seu amor por ela.”
Mas transmitir/sinalizar que se ama alguém através de um presente não seria insuficiente, já que amar diz respeito a atitudes — o estar e compartilhar com alguém — e não a informações/sinalizações.
Se você quer sinalizar mesmo a alguém que a ama, o dinheiro para que ela comprasse o bem mais adequado à suas preferências não seria um forma mais elevada de amor?
Waldfogel culpa o estigma que cerca o dinheiro pelo fato de as pessoas optarem pelo presente.
O dinheiro tem algo de cafona e de redução do valor do afeto, na medida em parece usado para se livrar de um incômodo, como escolher presentes ou pedir ao somelier que indique um vinho que seja bom e barato ao mesmo tempo.
Mas, vai em frente o economista:
“se não houvesse esse estigma, as pessoas dariam presentes em dinheiro, e os presenteados escolheriam coisas que realmente quisessem, resultando daí a maior satisfação possível em função das quantias gastas”.
Stephen Dubner e Steven Levitt, os autores de Freakonomics, o livro que trata do lado oculto da economia nas pequenas ações cotidianas, também acham que a relutância de dar o dinheiro no lugar do presente tem a ver com esse “tabu social” que “impede o sonho econômico de uma troca lindamente eficaz”.
Um sinal de que o problema é complexo, palpitante e de alta relevância para o destino da humanidade, é que pessoas e lojas acabaram criando subterfúgios para aliviar o incômodo de não saber o que comprar.
Como as listas de casamento, os chás de fraldas, os vales-presentes e as etiquetas de troca.
Nos EUA, uma empresa online criou um sistema pelo qual o presenteado é comunicado por email do presente. Caso não queira a bermuda xadrez que a tia lhe enviou, pode trocar ou indicar para outro amigo sem o transtorno de ter que abri-la e reembrulhá-la.
O amigo, por sua vez, pode também não querê-la e indicar para outro que, também, pode fazer o mesmo, transformando-a num item virtual que jamais chegará a ser envergada por alguém. Para o bem de todos.
Presente ou dinheiro a qualquer hora
No que me compete, quase nunca gosto da imagem que me sinalizam quando me presenteiam e me acho escasso de sensibilidade para achar algo que faça justiça à imagem que tenho das pessoas que quero homenagear.
Amo todas as pessoas que ao longo da vida me deram lenços, meias, bermudas xadrezes e livros de autoajuda.
Mas não gosto da sensação de ser um fardo para cada uma na hora de me escolherem um presente.
Menos ainda da obrigação de escolher para sinalizar para alguém que: “olha, eu gosto de muito de você e acho que esse presente revela todo o meu sentimento a seu respeito”.
Porque, no que me importa, presentes não têm data. Valem mais quando comprados a qualquer hora e dia do ano, no impulso natural de ter visto algo que me faz lembrar da pessoa amada.
Demonstração de afeto maior para mim é esta: ter lembrado da pessoa na hora e no dia em que viu algo belo e instigante que me fez lembrar dela.
Vai que ela está precisando de dinheiro…
(Teorização chupada do livro O Que o Dinheiro Não Compra, de Michael J. Sandel.)
Laynne Cris diz
Detestei o texto e não combina comigo , deve ser porque eu sou uma pessoa Grata , e amo todo presente que eu ganho ,nunca desfaço deles e sei quem me deu ,escolheu pensando em mim , já eu detesto ganhar dinheiro como presente de aniversário ou natal , pra mim mostra que a pessoa não teve o cuidado de escolher algo pra mim pensando em mim naquela data especial! fiquei extremamente ofendida quando minha mãe me deu dinheiro no meu aniversário no ano passado, enquanto eu me desdobro em escolher presentes pra ela , como foi agora dia das mães ,pra mim soa como ofensa um “tanto faz ”
Não dou dinheiro pra ninguém,faço questão de estudar os gostos das pessoas,reparei oque elas usam ,ou onde elas estão acostumadas irem , dou um bom presente,nada de porcaria igual vc citou aí presentes masculinos nojentos e toscos , cuecas e meias não são presentes , muito menos “vinho ” quem da lenço piorou ! mal gosto e egocentrismo da parte do convidado ou familiar , preguiça de presentear isso sim !!
dinheiro não é presente!! Pix não é presente!
Eduardo diz
Adoro presentear com dinheiro minha amiga
Ainor Francisco Lotério diz
Apreciei o texto, valorizando ainda mais a sua conclusão. Parabéns!
Keylla diz
Amei sua opinião! Gosto de dar dinheiro e vou adotar mais ainda essa prática depois de ter lido sua matéria.
Tah diz
Adorei !!!
Por que tanto desprezo com o dinheiro ?! Acredito q quem comprou uma bermuda ou um chocolate tbm pode nao ter pensado em vc e coisa e tal … ao passo q dinheiro de presente pode ter sido muito pensado na pessoa ! Quero dar dinheiro de presente mas nao quero q a pessoa ache q eu nao me importo com ela pq eu me importo totalmente e por isso vou dar dinheiro depois de pensar em vaaarias outras coisas possiveis e nao querer nenhuma e sendo q dinheiro nunca eh demais e sei q ela precisa ! mas acho q vou escrever uma carta falando tudo isso e dizendo o quanto adoro ela ! e espero q ela entenda q eu me importo !
Moema diz
Adorei!
Mas sou o tipo que gosta de ganhar presente e acho uma grande decepção ganhar dinheiro. Acho que o presente revela o que a outra pessoa sabe e observou em você. É interessante, mesmo que não agrade sempre.
Não ligo de dar esse trabalho para meu marido, parentes e amigos!! Kkkk
Adoro escolher o presente das pessoas que eu amo!
Esse negócio do vi, lembrei e comprei pra você também é muito bom!!!! Presente sempre é bom!