O Churrasquinhos do Luizinho, na avenida Francisco Sá, no Prado, é dessas sacadas de gênio, daquele tipo que enxerga o óbvio, como diria Nelson Rodrigues. Num grande galpão bem ventilado e acabamento sem sofisticação, o sujeito colocou mesas pequenas com tamboretes altos, deixou amplos espaços vagos para circulação em avenidas que simulam esquinas e enxugou o cardápio ao básico – churrasquinho e cerveja. Que, para ser mais básico ainda, é oferecida apenas em long-neck e tomada no bico, sem copo. Conta? Comanda? Nem pensar. Como numa quermesse ali na esquina, tem um caixa para a compra de fichas sem muita variação – R$ 4,00 qualquer long-neck, R$ 4,00 qualquer churrasquinho.
Qualquer sujeito que saísse de seu boteco e fosse montar um grande negócio para dar vazão ao seu crescimento, certamente que partiria para a sofisticação – mesas, toalhas, pratos, copos, é claro, garçons bem vestidos, computadores, maitres ou recepcionistas. Mas esse sujeito que começou a crescer em 1998, fazendo o que mais sabia, vender churrasquinho e cerveja gelada na garagem de casa, percebeu que a multidão que acorria a seu boteco na rua Turqueza não queria mudar de vida. Precisaria de espaço, sim, mas não abriria mão da boa dose de improviso e descomplicação, com preço justo, que garante o sucesso dos botecos de churrasquinho mal ajambrados dessa capital dos bares.
Ampliando e dando vazão à pressão por espaço, Luizinho não só manteve intacta a natureza do seu negócio e a ampliou sem descaracterizá-la, acrescentando um clima de descontração e alegria visível nos frequentadores.
Aí até sobra tempo para percorrer as mesas alegres e juntar alguns garçons para cantar parabéns no aniversário de um ou outro freguês.
Coisa de gênio.
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