Quem ainda não teve o ímpeto de ler um livro só pelo título? Eu listo 25 que me deram vontade, quase metade saciada.
Cada um sabe onde o olho e o coração apertam. No meu caso, eles têm em comum três coisas convergentes:
- a musicalidade da frase,
- o enunciado poético que resume a angústia de que se vai tratar,
- a metáfora que resume, traduz e sugere o projeto emocional do protagonista.
O mais bonito deles, o número 4 em ordem cronológica de lançamento, por exemplo, trata do adolescente confuso em busca de sua identidade que quer ser um apanhador no campo de centeio por uma razão que vai resumir todo o sentido da sua caminhada emocional.
Grandes títulos literários são assim, os que levam a pensar o quanto fazem sentido quando o livro se fecha. Que resumem o aprendizado da viagem que se fez com o protagonista.
Eu gosto em especial do que coloquei no meu primeiro romance, precário como todo primeiro romance, nessa linha. Cito aqui apenas por razões didáticas.
O Camaleão no Abismo é sobre um jovem em sua jornada sentimental que vai se adaptando às circunstâncias, tomando a cor do ambiente, das mulheres e dos escritores que amou ou que não entendeu. No fim, esse camaleão está, de fato, num abismo, físico e metafórico.
E todos, como bons títulos literários, buscam a resposta do sentido para a vida que os grandes livros de literatura perseguem.
Seguem, em ordem cronológica de lançamento. Reservei outra listinha logo a seguir para Gabriel Garcia Marquez, um caso à parte de talento para fazer títulos ao mesmo tempo poéticos, elucidativos e angustiantes:
- O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Bront – 1847
- As Flores do Mal – Chales Baudelaire – 1857
- Em Busca do Tempo Perdido – Marcel Proust, 1913
- O Sol Também se Levanta – Ernest Hemingway – 1926
- O Som e a Fúria – William Faulkner, 1929
- Brejo das Almas – Carlos Drummond de Andrade, 1934
- As Vinhas da Ira – John Steinbeck, 1939
- O Apanhador no Campo de Centeio – J. D. Salinger, 1951
- O Tempo e o Vento – Érico Veríssimo – Década de 1950
- Cem Anos de Solidão – Gabriel Garcia Marquez, 1967
- A Hora da Estrela – Clarice Lispector – 1977
- Os Filhos da Meia Noite – Salman Rushdi – 1981
- Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu, 1982
- A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera, 1984
- Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos – Rubem Fonseca – 1988
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo – José Saramago – 1991
- O Deus das Pequenas coisas – Arundhati Roy, 1997
- A sombra do Vento – Carlos Rui z Zafon, 2001
- Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios – Marçal Aquino, 2005
- Morder-te o Coração – Patrícia Reis, 2007
- O tempo entre costuras – Maria Duenas, 2008
- Para todos garotos que já amei – Jenny Han, 2014
- Carta de Amor aos Mortos – Ava Dellaira, 2014
- Diga aos lobos que estou em casa – Carol Rifka Brunt, 2014
- O peso do pássaro morto – Aline Bel, 2017
Os melhores títulos de GGM
Jornalista, que escrevia reportagens poéticas transformadas em livros, Gabriel Garcia Marquez pode ter usado seu talento de editor para titular seus livros.
É dele a minha maior lista de títulos preferidos, além de Cem Anos de Solidão, que já está na lista acima. Em ordem cronológica:
- Ninguém Escreve ao Coronel – 1961
- A triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada – 1971
- Olhos de Cão Azul – 1972
- O Outono do Patriarca – 1975
- Crônica de uma morte anunciada – 1981
- O Amor nos Tempos do Cólera – 1985
- O General em seu Labirinto – 1989
- Do Amor e Outros Demônios – 1994
- Memórias de Minhas Putas Tristes – 2004
Qual saber qual o pior título? Há muitos, mas só me concentrei em um porque entitula uma das maiores obras do gênio universal, uma catedral para ser lida de joelhos:
Apesar de fazer todo o sentido com o espírito da obra, a estrada de Riobaldo a cumprir, é horrível.
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