A julgar pelo quadro de pesquisas na reta final do primeiro turno das eleições municipais no sudeste, interpreto, infiro e prevejo que:
- Os animadores de plateia estão na frente: os apresentadores de TV João Dória e Celso Russomano em São Paulo, o pastor Marcelo Crivella no Rio de Janeiro, o goleiro João Leite e o dirigente do Atlético, Alexandre Kalil, em Belo Horizonte. Se antes, políticos de carreira ou profissionais liberais procuravam se parecer com apresentadores de TV para conquistar plateias, agora são os próprios que chegam lá.
- Na linha Donald Trump, há um grande espaço de crescimento para os neófitos em política, chamados aventureiros, que navegam na degradação da classe política. João Dória se vende como empresários bem sucedido. Alexandre Kalil em BH tem o mesmo discurso do americano de que político não sabe administrar.
- O forte crescimento dos evangélicos (Russomano, Crivella, João Leite) sugere forte tendência conservadora que pode influenciar os próximos pleitos. O partido criado pela Igreja Universal (PRB) há pouco mais de 10 anos fez 78 prefeitos e 1.204 vereadores em 2012.
- A esquerda foi abatida pelas denúncias contra o PT mas também pela pulverização. E ainda tem força. Se Marta Suplicy (PMDB) e Fernando Haddad (PT) estivessem juntos em São Paulo, estariam disputando a vaga de segundo lugar para o segundo turno, que está com Russomano. Da mesma forma, Marcelo Freixo e Jandira Feghali no Rio, hoje divididos, entre outras coisas, entre Chico Buarque de Holanda e Lula.
- O debate da Globo nesta quinta-feira, último e mais visível antes do pleito de domingo, pode ajudar a definir o segundo colocado em São Paulo e no Rio. Russomano segura um dificuldade a posição, ameaçado por Marta. João Paulo (PMDB), candidato do prefeito Eduardo Paes, e Marcelo Freixo (Psol) disputam a vaga no Rio.
- Com o esvaziamento do PT, o PSDB, menos chamuscado, cresceu. Tem vantagens consolidadas no primeiro turno, com grandes chances de vitória em São Paulo e Belo Horizonte (Dória e João Leite), e avança sobre outras capitais e no interior. Vai disputar espaço com o PMDB agora e em 2018. As denúncias contra os dois não foram fortes o bastante para prejudicá-los como ao PT.
- Ninguém fala em corrupção. É o primeiro pleito em que nenhum candidato parece disposto a usar denúncias de desvios de dinheiro público em suas estratégias de comunicação. Como se estivesse sem condições de falar de corda em casa de enforcado.
Paulo diz
Não sou evangélico e não vejo problema nenhum do Crivella ser prefeito do Rio. Não acho que como as pessoas dizem por ai, a Universal irá comandar nossa cidade de isso acontecer. Vamos começar a olhar para o candidato como um político com ótimos projetos já aprovados e ótimas propostas de governo.