Alexandre Kalil e João Dória são os dois lados de uma mesma moeda separados pelo corte da sofisticação que opõe dois brasis:
- o bugre da várzea sem origem de casta, que não completou os estudos, fez fortuna entre peões de obra e jogadores de futebol, se veste como quem vai para o trabalho, fala com a finesse de quem está tomando cerveja no boteco da esquina. Sua principal obra foi ter dado vitórias a um dos mais populares times de futebol do país.
- o patricinho de família quatrocentona, de pai que estudou na Sorbonne, fez carreira entre celebridades no mundo do jornalismo e da publicidade, se veste como quem vai para festa e fala como quem toma vinho com grandes empresários em salões de tapete vermelho. Uma das publicações temáticas de sua Doria Editora, por acaso, se chamava Caviar.
Com diferentes graus de sucesso, os dois têm porém os mesmos princípios e o mesmo discurso de gestão dos negócios que começa a fazer sucesso depois do fracasso da ideia de Estado produtor de desenvolvimento e de bem estar. O mantra de resultados, gestão por mérito e privatizações que demoniza os políticos e a máquina pública que eles incharam em sentido inverso à qualidade dos serviços.
A consagração do sucesso de ambos nesta semana, depois das arrancadas surpreendentes que projetaram Kalil para o segundo turno em Belo Horizonte e Dória para a vitória arrasadora no primeiro turno em São Paulo, coincide com a aprovação pela Câmara dos Deputados do fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras no Pré-Sal.
A votação às pressas e pela madrugada para corrigir esse erro colossal de políticos e técnicos equivocados, que ameaçava inviabilizar o bilhete de loteria que o país havia ganho na descoberta de tais reservas, é sinal desses novos tempos.
Que venha tão tarde e ainda tenha havido um grupo barulhento tentando inviabilizar as votações com a conversa antiga de entrega do patrimônio nacional aos gringos, é sinal de nosso atraso.
Patrulha ideológica
Já no final dos anos 70, em meio à crise do petróleo e da ideia de que o milagre econômico dos militares começava a fazer água, se sabia que falira o modelo do Estado desenvolvimentista, que criara a Petrobras e outros monstros a partir dos 50.
Quando Fernando Collor de Melo abriu os mercados no início dos 90, o país descobriu que produzia carroças nas indústrias automobilística e de informática por conta de um nacionalismo retrógado, fechado à competição e à inovação, sentado em cima de riquezas que não tinha competência para explorar.
Fernando Henrique Cardoso contribuiu para soltar as amarras desse Estado estúpido, com as privatizações, criação de agências reguladoras, sistema de partilha na exploração de petróleo e outros tantos mecanismos de modernização da máquina pública. Mas Lula e Dilma retomaram tudo aos anos 50, de compadrio, de proteção a empresas nacionais, de incentivos suicidas para premiar a influência em detrimento da competência.
Com a conivência de uma base política subserviente e uma oposição covarde, amareladas diante da patrulha das esquerdas que vem defendendo esse entulho desse os anos 70. José Serra e Geraldo Alckmin perderam duas eleições para Lula e Dilma, entre outras coisas, porque tiveram medo de defender o legado de FHC para não serem confundidos com privatistas.
No confronto com Dilma e os velhos axiomas desse discurso atrasado que imputa aos tucanos uma sanha entreguista, um tanto iludido de que poderia ter votos na esquerda, Aécio Neves chegou a ensaiar uma piada sem graça de que iria re-estatizar a Petrobras.
Só no final de 2015, já nos estertores e no fracasso de seu governo, até Dilma confessou para a amiga Kátia Abreu que, sim, o modelo do Estado paizão havia se esgotado.
Discurso afinado
João Dória rompeu enfim esse ciclo de medo e, pela primeira vez, desmontou essa conversa. Quando o prefeito e seu adversário Fernando Haddad entoou Lula na toada de que ele iria privatizar até cemitérios, não teve medo de responder: “sim, eu sou o candidato que vai privatizar cemitérios”.
Foi uma tremenda e corajosa intuição de marketing político sobre os novos tempos e o que querem os eleitores dessa nova era.
Em Belo Horizonte, Kalil saltou para o topo das pesquisas, apesar de apenas 23 segundos de TV, navegando na mesma ideia e exorcizando o mesmo tipo de covardia que acometia, por exemplo, o prefeito Márcio Lacerda. Empresário bem sucedido, com certamente as mesmas ideias de resultados de Kalil, sempre tergiversou como Aécio, Alckmin e Serra quando a turma do atraso o acusava de comercializar a cidade.
João Leite é da mesma cepa e do mesmo malabarismo tucano, que, como Aécio, parece ter ilusão de que vai ter votos do PT e tergiversa para agradar gregos e troianos. Se ele começar a negar e a desconversar sobre o que, ao que tudo indica, o eleitorado está querendo, pode estar fazendo a cama para Kalil.
Porque não é o caso de o eleitor decidir quem é o melhor, mas quem está mais afinado com os novos tempos.
Silvania diz
Eu nunca ouvi o João Dória vociferando…………
Tulio diz
Kalil esta sendo apoiado pelo Pimentel e o PT , é para isto que fomos as ruas lutar contra a corrupção para eleger um prefeito ligado a corrupção sem tamanho do PT?,
Fazer um paralelo entre Doria e o Kalil e um absurdo sem tamanho ,mais uma mentira inventado pelo PT votamos no Kalil no primeiro turno ,mas ele não tere mais o nosso votos
Roberto Geraldo diz
Colacar Kalil, trazer de novo a turma do PT para prefeitura de BH ( Paulo Lamac) seu Vice é a turma do Pimentel.A escolha é sua?
Rodrigo Soares diz
Primeiramente quem diz que Kallil esta quebrado, já é uma vantagem gigante! Pois todo presidente que entra em um clube de futebol sai milionário! Sinal que o kallil não é ladrão! Agora votar no Kallil como solução, não sei se será! Mas em contra partida eu tenho certeza que João leite não é nem de longe! E como vai ser um dos dois, prefiro arriscar no kallil e ver a onde isso vai chegar, do que eleger um candidato acusado no mensalão mineiro, no esquema de furnas e até na lava jato como prefeito da minha cidade! Além de ter o apoio de Aécio do pó, Anastazia, e Marcio das merda!
Cláudio diz
REALMENTE DÓRIA APOIADO PELO GOVERNADOR ALCKMIN É EMPRESÁRIO BEM SUCEDIDO, COMPETENTE, EDUCADO, CONCILIADOR, TEM PROPOSTAS, NÃO É FALASTRÃO E PREPOTENTE, SÓ GERIU GRANDES EMPRESAS E GRANDES PROJETOS, SUAS EMPRESAS NUNCA FALIRAM, NUNCA DIRIGIU CLUBE DE FUTEBOL, RECOLHE E PAGA SEUS IMPOSTOS PARA CONTRIBUIR COM A CIDADE DE SÃO PAULO.
É, REALMENTE SÃO MUITO PARECIDOS OS CANDIDATOS A PREFEITO DAS DUAS CAPITAIS.
HAJA VERNIZ……..
Enviado do Outlook
Gilney Guimarães diz
Não tenho e nunca tive procuração para defender Aécio, mas que o PT conseguiu desconstruir (Nisto o partido tem talento) muito a imagem dele , isto é verdade principalmente para o eleitor esquerdista, que acredita piamente e cegamente em tudo que vem da cúpula do PT. Preferem defender Lula que já deve ter passado de uns 10 indiciamentos e acusações de crimes e já se tornou réu além de inúmeras evidencias e indícios claros de enriquecimento ilícito. Outro crime do Lula foi ter indicado a Dilma (que conseguiu destruir o país e o PT) para dar continuidade a seu projeto megalomaníaco de poder. Contra Aécio, não conseguem listar 3 acusações claras e precisas. Tudo no “ouvi falar”. E ainda o colocam como o homem mais poderoso do Brasil, quiçá do mundo. O PT acha que apenas o PSDB é seu inimigo e que o PSDB é o Aécio. Eles sonham e tem pesadelos com Aécio. Está parecendo doença. Será que pega?
vanderléa m rocha diz
Vamos colocar quem então gente? Sinceramente, prefiro um Kalil , com tudo o que foi falado aqui, do que um João leite que vai trazer a gestão Aécio/Anastasia para Bh.
Gilney Guimarães diz
Não acho o Kalil parecido com o Dória mais tosco. Com suas bravatas e populismo barato está mais para Collor e Dilma. Tomara que não ganhe porque se não será uma das piores, enganosas e mais desastrosas administrações da história de Belo Horizonte, assim como foi com Collor e com Dilma no governo federal. O povo de BH não pode ser tão ingênuo de ainda acreditar neste discurso do diferente, de ir contra a política, de não querer fazer aliança com ninguém. Já sabemos onde isto vai parar. Acorde belohorizontinos! Administrar um clube como soberano é uma coisa e outra completamente diferente, é administra uma grande cidade como Belo Horizonte.
Afonso Lemos diz
Caro Felipe, senti um certo sarcasmo no que escreveu com relação a quem gosta de futebol. Talvez você não aprecie o esporte ou goste de outra modalidade tipo moto velocidade ou peteca. Respeito seu gosto e continuo a dizer que não voto em quem destila ódio.
Leonardo diz
Comparar Dórial com o Kalil chega a doer de tão non sense…. o “discurso de gestão eficiênte” seria até paupável se um ñ fosse milionário e o outro ter ido a falência…
Marta Coelho diz
TUDO MENTIRA! A IMPRENSA ESTÁ FAZENDO DE TUDO PARA EXALTAR O KALIL, PORQUE O VICE DELE É UM PETISTA, QUE ESTAVA CONCORRENDO NOUTRA CHAPA E COM VICE, MAS COMO VIU QUE NÃO TINHA CHANCE DE GANHAR MESMO, MIGROU PARA A CHAPA DO KALIL. O PAULO LAMAC, VICE, É DA REDE DE MARINA SILVA. ENTÃO A IMPRENSA ESTÁ USANDO ARTIMANHAS PARA COLOCAR O LAMAC UM PETISTA NA PREFEITURA! UMA DAS SUAS PROPOSTAS É: ” VOCE SABIA QUE, PARA INTEGRAR A COLIGAÇÃO KALIL, A REDE EXIGIU QUE FOSSE INCLUÍDO EM PLANO DE GOVERNO, O ENSINO DA IDEOLOGIA DE GENERO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS COM A PROGRESSÃO DOS BANHEIROS MISTOS, ONDE MENINOS DE 4 A 9 ANOS FREQUENTARÃO OS MESMOS BANHEIROS MISTOS, ONDE MENINAS E MENINOS DE 4 A 9 ANOS FREQUENTARÃO OS MESMOS BANHEIROS, SEM DISTINÇÃO ENTRE MASCULINO E FEMININO?”
Leonardo Reis diz
Comparar Kalil a Dória é uma grande piada.
Carlos Paula. diz
“sinceramente…vejo João Leite como uma boa pessoa,bom caráter,mais essas coligações me impedem de dar um voto de confiança nele,sei que quem governa é o partido e sabemos que ele(João) é obediente,coligação é uma promissória em branco,vai ficar atado,durante o governo Aécio,foi instituído um silêncio absoluto em Minas Gerais,um chamado cala boca,essas alianças assustam,ele(esta tão seguro de ganhar-la,que faria aliança ate com o psol….sera que vale a pena????o mais importante realmente é o “poder””
Antonio brandão pereirai diz
Isso mesmo…Distância desse tal candidato. Fico abismado… Tanta Gente gabaritada em BH, e sobrou esse caipira… Comparar com D é piada…
Marcelo Coelho diz
Eleitor do Kalil: torcedor do CAM e pessoas que querem fazer gozação com o seu voto. Simples assim.
Eleitor do J LEITE: Alguns torcedores do CEC e fãs do Aécio Neves.
VOTOS NULOS E BRANCOS : Quem realmente está preocupado com o futuro de BH
Léa Campos diz
KALIL É UM TROMP QUE FALA PORTUGUES. É ARROGANTE, GROSSEIRO, MAL EDUCADO, E SEGUNDO SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS UM AVENTUREIRO, E COMO SE FOSSE POUCO SEU VICE É DO PT. OU SEJA SE MORREREM ELE COMO FIZERAM COM CELSO DANIEL, O PAULO LAMAC ASSUME. E AÍ TEREMOS PT NO GOVERNO E NA PREFEITURA.
VAMOS VER SE OS MINEIROS DE BH VÃO TROPEÇAR NA MESMA PEDRA. NÃO PODEMOS PERMITIR QUE KALIL SEJA ELEITO SERÁ O FIM DO FIM. POR ISSO ELE NÃO QUER FAZER COLIGAÇÕES, POIS É UM PETISTA FRUSTRADO.
Felipe diz
Exatamente colega Gianfranco. São lados bem diferentes de um, talvez, discurso “modinha” de não ser político. Kalil mais parece um Lula às avessas do que um Dória da periferia, que angaria eleitores não por suas ideias e propostas, mas pelo simples fato de ter sido presidente do Atlético-MG. Ou seja, misturando política com futebol. E ainda tem gente que acha isso bacana…
O jeito é aguardar as cenas dos próximos capítulos..
Pedro Aguiar. diz
Excelente, é a pura verdade..
Muda BH, sem medo…
Afonso Lemos diz
Eu acho o futebol um esporte tão bacana, tão apaixonante que jamais deixaria alguém destruir o meu Cruzeiro. Não votaria nesse sujeito jamais.Dar o voto a um ou a outro, daria o meu a quem não persegue, quem não baba ódio.
Geraldo diz
O povo está é desiludido e sem opção mesmo. No final das contas, praticamente todos os políticos são a mesma coisa. Qualquer governo, agrada a alguns e desagrada outros, enfim, esta é a “democracia” brasileira.
Gianfranco del Veneto diz
Dória em um gestor bem sucedido.
Kalil é um aloprado que, no auge dos ganhos das construtoras, quebrou a sua própria, que seu pai deixou-lhe de herança.
Um domina a comunicação inteligente (Dória). O outro, chuta a educação e insulta a inteligência alheia.
Há muito mais diferença que um simples verniz.