O que depreendo, infiro e prevejo a partir dos resultados do primeiro turno da eleição municipal de 2016.
- O PSDB ganhou a eleição. Saltou de 686 para 791 prefeituras. Ainda tem menos que o PMDB, que praticamente estacionou (1015 para 1027), mas levou as principais e mais influentes cidades, a começar de São Paulo, onde nunca houve vitória no primeiro turno.
- O PT perdeu do jeito acachapante que se previa. Caiu de 630 para 256, do terceiro para o décimo lugar entre os maiores partidos, considerando-se o número de prefeituras. Fez apenas oito cidades no seu estado berço, São Paulo, onde o PSDB fez 164. Perdeu todas as prefeituras no cinturão vermelho em torno da capital, o ABC e adjacências, onde fez história. Emblemático que nem o filho adotivo de Lula tenha sido reeleito vereador em São Bernardo do Campo. Em Minas, mesmo tendo o governo estadual, fez apenas 41 prefeituras contra 132 do PSDB.
- O PMDB de Temer, forte com Dilma, caiu para a segunda divisão. Tem ainda o maior número de prefeituras, mais que o PSDB em Minas, menos em são Paulo, quase nada no Rio (8). Fica com cara de gigante bobão, grande e de pés de barro.
- A queda do PT não significou o desmanche das esquerdas, que se uniram em voto útil em torno de Fernando Haddad em São Paulo e, mais significativo, de Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro. O primeiro acelerou na reta final, com os votos de Luiza Erundina (Psol), o segundo com os de Jandira Feghali (PCdoB). Deve voltar à sua cota histórica de 20% do eleitorado.
- Mais forte que nunca, a centro direita fez voto útil em torno de João Dória quando percebeu que a aceleração de Haddad poderia ressuscitar a polarização com o PT e dar palanque a Lula. Deve se unir em torno do bispo Crivella no Rio, se Marcelo Freixo — que ela não rejeita totalmente — insistir em rejeitar os votos não ideológicos, como os do PMDB.
- Os novos prefeitos do primeiro ou do segundo turno são eleitos com pouco mais da metade do eleitorado. O desinteresse pela eleição chegou a quase metade nas principais cidades. A soma de abstenção, brancos e nulos passou de 37% em São Paulo, 42% em Belo Horizonte e 45% no Rio. A média histórica da soma é de 25%.
- Só o tamanho do desinteresse explica que a eleição em Belo Horizonte tenha começado e terminado do mesmo tamanho, entre João Leite, Alexandre Kalil e uma penca de anões tentando se sair do terceiro lugar. Não tiveram tempo de comunicação e atenção para desconstruir Kalil ou mostrar que tinham viabilidade.
- Ainda incompreensível o fiasco da chapa montada pelo prefeito Márcio Lacerda, que tinha por apresentar um governo e um candidato que não eram piores do que os outros (Délio Malheiros, quinto lugar, atrás do candidato do PT). A primeira melhor explicação até agora é que Lacerda escondeu Délio em todo o seu governo e era querer demais transferir-lhe todo o prestígio de uma vez só, nas vésperas da eleição. A segunda é ter perdido o apoio do PSDB, que lançou João Leite, determinante nas suas duas eleições anteriores.
- Pela primeira vez sem apoio privado, a campanha eleitoral foi mais curta, mais transparente, bem mais limpa para as cidades e parece ter dado oportunidade a novatos. Cresceu quem se apresentou menos como político e mais gestor. Impressiona que João Dória tenha arrastado apoio quando admitiu claramente que é privatista, que vai privatizar o que puder em São Paulo. À acusação de Haddad de que iria privatizar até cemitério, não teve medo de responder: “sim, eu sou o candidato que vai privatizar até cemitério”.
- Com o banho do PSDB em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin se cacifou como nunca para se candidatar a presidente em 2018, na vaga que as circunstâncias até aqui indicavam que seria de Aécio Neves. Mas como Aécio capitaneou a maior de todas as vitórias do partido até agora, como presidente nacional da sigla, vai ser briga de cachorro grande.
PS – Uma nota sobre corrupção nessa eleição em que o assunto foi para debaixo dos panos: Edinho Silva, o ex-ministro de Dilma que vai responder na Lava Jato por desvio de dinheiro da Petrobras para a campanha de 2014, foi eleito com 41,71 dos votos válidos no turno único de Araraquara. Ganhou o foro privilegiado.
valdir diz
Talvez assim seja publicado: Aécio Neves é o melhor e mais competente para 2018; sempre trabalhou e fez sua vida sozinho; o choque de gestão em Minas superou expectativas divinas; é mineiro, mora em BH e não possuí vício; é lindo, tem uma mulher e filhos igualmente lindos.
Maia diz
Vitor, preste mais atenção ao ler o texto. Edinho Silva, o corruPTo, foi eleito em Araraquara. Devemos lamentar a escolha, mas respeitá-la acima de tudo. Cuidado ao citar leitores alienados e despreparados. Você aparentemente se enquadra neste perfil.
Vitor diz
O comentarista/psdbista é tão fraco, que Edinho ganhou o primeiro turno em São José do Rio Preto, não Araraquara. Uma lástima que não exista mais preocupação em ser imparcial, é uma ânsia de impor o ponto de vista a um bando de leitores despreparados e alienados.